Política
Brecha em acordo de TSE com plataformas pode favorecer fake news e Bolsonaro

Não é segredo pra ninguém que Bolsonaro foi eleito com um aparato muito bem montado de disseminação de fake news, que sobrevive e está em pleno funcionamento até hoje, com apoio do presidente, seus filhos, sua base no Congresso e seus apoiadores.
Bolsonaro é o rei da mentira –segundo a Agência de checagem Aos Fatos, somente em 2021, ele mentiu 7 vezes por dia. Boa parte das notícias falsas era relativa à covid-19. Ele também usa a disseminação maciça de fake News como uma arma poderosa contra seus adversários políticos, desinformando a população e causando muito dano a vidas alheias.
Por isso, preocupa a notícia de que o acordo firmado em fevereiro pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens acabou deixando brecha no combate à desinformação no Brasil.
Quem aponta o fato é um estudo que analisou os chamados memorandos de entendimento com a Corte Eleitoral e concluiu que, em geral, os termos acertados por aqui foram mais brandos se comparados às ações realizadas nos Estados Unidos, onde a disseminação de fake news também causou um mal imenso nas eleições presidenciais que toraram Donald Trump presidente.
O relatório foi produzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e avaliou os quatro eixos do acordo do TSE com redes como Facebook, Google, Youtube, Whatsapp, TikTok, Twitter e Kwai (um aplicativo de vídeos curtos): disseminação de informações confiáveis e oficiais sobre as eleições, capacitação, contenção de desinformação e transparência.
Os pesquisadores consideram que houve avanços em relação às eleições presidenciais de 2018 – quando a OEA alertou que o uso do whatsapp para disseminação de notícias falsas no Brasil era “um fenômeno sem precedentes no mundo” –mas apontam que não há previsão de sanção às plataformas em caso de não cumprimento do acordo feito com a Justiça Eleitoral.
O relatório também aponta que as plataformas tomaram medidas insuficientes no campo de contenção de desinformação e nenhuma dela apresentou avanços no campo da transparência. Como já mostramos, a mentira virou um negócio lucrativo para alguns, por isso é ainda mais difícil combate-la.
O Telegram foi um dos casos mais famosos em relação ao tema no Brasil, nos últimos tempos. Depois de o ministro do STF Alexandre Moraes ameaçar proibir o funcionamento da plataforma no Brasil, o aplicativo de troca de mensagens firmou parceria com o TSE no último dia 25. Bolsonaro tem o maior canal do Telegram no Brasil, onde a desinformação rola solta sem nenhum controle. A plataforma deve passar a acompanhar esse canal, já que informou ao STF que vai acompanhar diariamente os 100 maiores canais do País como tentativa de combater fake news.
Nesses 100 maiores canais, também figuram Flávio e Eduardo Bolsonaro. A popularidade da família nas redes é explicada por uma série de fatores nada ortodoxos. Um deles é o de que as fake News se espalham 70% mais rápido do que notícias verdadeiras, segundo um estudo realizado por pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Eles perceberam que enquanto uma postagem verdadeira alcança, em média, mil pessoas, as notícias falsas chegam para 100 mil pessoas. Quando o assunto é política, a situação é ainda mais grave: nesse caso, notícias falsas se alastram três vezes mais rápido.
O Youtube também anunciou uma nova política contra a disseminação de mentiras no Brasil. Mas ainda precisa adotar regras mais rígidas de punição para casos de ataque ao TSE e às urnas, segundo os pesquisadores. Uma das ações preferidas dos bolsonaristas é colocar em xeque a confiabilidade as urnas eletrônicas e do próprio TSE, a fim de tumultuar o resultado das eleições em uma eventual perda de Bolsonaro.
A plataforma bloqueou o perfil da deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) em fevereiro, depois que ela publicou uma live questionando a eficácia das vacinas contra a covid-19 em crianças. Ela é investigada no inquérito das fake news, que tramita no STF
Diante desse cenário, em respeito à nossa democracia, é preciso que cada um e cada uma se torne um Agente da Verdade.
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