Poder e Governo
Silvinei Vasques chega a Brasília após ser preso tentando fugir para El Salvador
Ex-diretor-geral da PRF no governo Bolsonaro foi capturado no Paraguai ao tentar embarcar com documentos falsos.
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, chegou a Brasília na tarde deste sábado para cumprir prisão preventiva determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Vasques foi detido no Paraguai, após tentar embarcar para El Salvador com documentos falsos, em uma tentativa de fuga do Brasil.
Na sexta-feira, Vasques foi preso no Aeroporto de Assunção portando documentos paraguaios enquanto se preparava para embarcar em um voo com destino a El Salvador. Ele havia fugido do Brasil após romper a tornozeleira eletrônica. Na mesma noite, foi entregue pela Polícia Nacional do Paraguai às autoridades brasileiras na fronteira entre Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este.
Silvinei Vasques, que comandou a PRF durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi condenado pelo STF há dez dias a 24 anos e seis meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado. Ele foi capturado a cerca de 1.300 quilômetros de São José (SC), onde residia e atuou como secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação até dezembro.
Segundo a Polícia Federal (PF), o plano de fuga envolveu o uso de identidade e passaporte paraguaios. Vasques deixou sua casa na noite de Natal após romper a tornozeleira eletrônica e alugou um veículo para percorrer o trajeto até o Paraguai, viagem que dura ao menos 18 horas.
Imagens de segurança do edifício onde morava mostram que, às 19h do dia 24 de dezembro, ele carregou um carro Polo prata, alugado, com bolsas, além de itens para um cachorro, que aparenta ser da raça pitbull. As autoridades só perceberam a fuga por volta das 3h do dia 25, quando o sinal da tornozeleira foi perdido.
Na noite de Natal, agentes da Polícia Penal de Santa Catarina foram ao endereço de Vasques, mas não obtiveram resposta. A PF também realizou buscas, sem sucesso. Enquanto isso, Vasques já seguia rumo ao aeroporto de Assunção. A PF acionou a polícia paraguaia, que realizou a prisão. A tornozeleira eletrônica violada não foi localizada.
No momento da prisão, Vasques portava documentos em nome de Julio Eduardo Baez Fernandez, cidadão paraguaio, além de uma carta em espanhol alegando doença grave e justificando a viagem para tratamento. Ele vestia camiseta verde, calça jeans e óculos de aro preto. A identidade foi confirmada por fotos enviadas à PF.
Natural de Ivaiporã (PR), Vasques ingressou na PRF em 1995 e construiu carreira de 27 anos, chegando ao cargo máximo durante o governo Bolsonaro. Aposentou-se em dezembro de 2022, após as eleições presidenciais.
Em 2022, segundo a PF, Vasques teria utilizado a estrutura da PRF para fins políticos, intensificando fiscalizações em rodovias do Nordeste, onde Luiz Inácio Lula da Silva possuía vantagem eleitoral, com o objetivo de dificultar o voto de eleitores favoráveis ao candidato petista.
Depoimentos e mensagens em grupos de Whatsapp indicam que a ação foi planejada pelo Ministério da Justiça, com aval do então ministro Anderson Torres, e executada por Vasques. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que a delegada Marília Ferreira Alencar solicitou um projeto de análise de dados para identificar municípios onde Lula teve votação expressiva, visando ações de fiscalização.
Segundo a PGR, as "diretrizes manifestamente ilícitas" foram acolhidas por Vasques, que direcionou recursos da PRF para tentar evitar a derrota de Bolsonaro nas urnas.
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