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Vida pode ser possível em planetas sem água, diz estudo

Líquidos iônicos seriam ambientes propícios para biomoléculas

Redação ANSA 27/08/2025
Vida pode ser possível em planetas sem água, diz estudo
Líquidos iônicos seriam ambientes propícios para biomoléculas - Foto: ANSA

Planetas sem água também podem abrigar formas de vida, desde que eles contenham misturas fluidas de sais, os chamados líquidos iônicos, capazes de abrigar moléculas orgânicas, como as proteínas.

É o que sugere um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (Pnas), que pode abrir caminho para redefinir o conceito de habitabilidade de corpos planetários.

"Consideramos a água necessária para a vida porque é aquilo de que precisamos para a vida na Terra. Mas se levarmos em conta uma definição mais geral, veremos que aquilo de que precisamos é um líquido no qual possa ocorrer o metabolismo para a vida", afirma Rachana Agrawal, primeira autora do estudo e aluna do Departamento de Ciências da Terra, da Atmosfera e dos Planetas no MIT.

"Se incluirmos o líquido iônico como possibilidade, isso pode aumentar drasticamente a zona de habitabilidade para todos os mundos rochosos", salienta.

Os pesquisadores descobriram que esse tipo particular de fluido pode se formar facilmente a partir de ingredientes químicos possivelmente presentes na superfície de luas e planetas rochosos, como ácido sulfúrico e compostos orgânicos contendo nitrogênio.

Em planetas rochosos, a atividade vulcânica pode gerar ácido sulfúrico, enquanto moléculas com nitrogênio já foram detectadas em diversos corpos celestes do Sistema Solar, então é provável que também estejam presentes em outros sistemas planetários.

Líquidos iônicos não evaporam e podem se formar e persistir em temperaturas mais altas e pressões mais baixas do que a água líquida tolera. Segundo os pesquisadores, isso pode fornecer um ambiente propício para certas biomoléculas, como as proteínas.

Os cientistas levantam a hipótese de que, mesmo em planetas muito quentes ou com atmosferas com pressão muito baixa para suportar água líquida, ainda pode haver bolsões de líquido iônico. E onde há líquido, pode haver potencial para vida, embora provavelmente diferente do que conhecemos na Terra.