Variedades
Festival de Veneza começará sob a sombra de conflito em Gaza
Sorrentino será um dos protagonistas; Herzog ganhará Leão de Ouro

Faltando poucas horas para a abertura do 82º Festival de Cinema de Veneza, na Itália, o glamour está, por enquanto, dando lugar à realidade da guerra e dos massacres em andamento na Faixa de Gaza.
A mobilização, que culminou em uma carta aberta da Venice4Palestine que coletou mais de 1,5 mil assinaturas de artistas, jornalistas e ativistas italianos e internacionais, teve hoje seu primeiro efeito "oficial": o discurso na cerimônia de pré-abertura de dom Nandino Capovilla, pároco de Marghera e ex-coordenador da Pax Christi, que foi parado no aeroporto de Tel Aviv e expulso de Israel em 12 de agosto.
O diretor do megaevento, Alberto Barbera, afirmou que a decisão foi uma escolha necessária em meio a um momento no qual "nos encontramos impotentes diante de um massacre que não podemos justificar nem um pouco".
O padre enfatizou que o que está acontecendo no enclave palestino "pode ser interrompido", mas "não estamos fazendo isso, ou não o suficiente".
"Podemos parar de enviar armas a Israel, podemos persuadi-lo a respeitar a lei e a permitir que as agências da ONU, coordenadas pelo Ocha, voltem para ajudar uma população exausta; podemos perceber que, até que a ocupação termine, é absurdo e hipócrita repetir o refrão de 'dois povos, dois Estados'", declarou o religioso.
Quem apresentou Capovilla foi Pietrangelo Buttafuoco, presidente da Bienal. "Andei pelas ruas de Catania e encontrei um escrito que me fez pensar e me causou dor. O texto que vi dizia que você não fica quieto, você não fica em silêncio somente quando as crianças estão dormindo e você começa a gritar, falar e fazer barulho quando as crianças morrem", disse.
Resta saber se os protestos por Gaza chegarão também ao tapete vermelho da cerimônia de abertura ou mesmo ao teatro, num dia que contará com a presença de Paolo Sorrentino, que foi recebido por uma multidão de fotógrafos. O cineasta abrirá a competição com o primeiro dos cinco filmes italianos que concorrem ao Leão de Ouro: "La grazia".
No filme, Sorrentino reencontra o ator que melhor personificou suas visões e obsessões, Toni Servillo, que cumpre o papel de um presidente da República no final de seu mandato e que enfrenta dilemas para decidir sobre dois pedidos de perdão.
O longa será exibido ao final da cerimônia de abertura, apresentada este ano por Emanuela Fanelli. A versátil atriz, vencedora de dois prêmios David di Donatello, também fará um breve discurso, mas já afirmou que não haverá referência direta a Gaza.
"Sou totalmente a favor de chamar a atenção para o que está acontecendo em um momento em que os holofotes estão voltados ao Lido. A cerimônia será breve e farei um rápido discurso. Apresentar esse tema significaria reduzi-lo a uma ou duas frases, e não achei isso correto", explicou a artista em entrevista à ANSA.
O cinema, aliás, ganhará destaque com a entrega do primeiro dos dois Leões de Ouro desta edição (o outro será para Kim Novak), concedido a Werner Herzog, autor de obras-primas como Fitzcarraldo, que receberá o discurso de laudatório da premiação de outro mestre do cinema, Francis Ford Coppola.
O longo dia também abrirá o concurso paralelo de Orizzonti, com "Mother", da macedônia Teona Strugar Mitevska, um retrato nada convencional de um episódio da vida de Madre Teresa de Calcutá, interpretada por Noomi Rapace.
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