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Mauro Vieira defende diálogo com os EUA, mas descarta interferência em questões judiciais

26/08/2025
Mauro Vieira defende diálogo com os EUA, mas descarta interferência em questões judiciais
Foto: © Sputnik / Guilherme Correia

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira (26), em evento na Fiesp, em São Paulo (SP), que o Brasil quer diálogo com os Estados Unidos em meio às tarifas impostas pelo governo Donald Trump.

Segundo ele, a separação entre temas políticos e comerciais é condição essencial para qualquer avanço nas negociações bilaterais.

Vieira classificou as medidas norte-americanas como motivadas "expressamente por razões políticas", em uma tentativa de influenciar processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

O chanceler disse que "não há possibilidade de qualquer negociação entre os países que envolva interferência em termos judiciais" e reforçou que o governo seguirá resistindo a pressões que coloquem em risco a independência das instituições brasileiras.

"Não é razoável que o governo dos Estados Unidos cause danos à relação entre os países por questões políticas que se resumem aos desígnios pessoais de pequeno grupo político do Brasil", disse ele a representantes do setor privado.

O Brasil não pode "ficar refém de interesses pessoais nem ceder a pressões indevidas", acrescentou, e seguirá insistindo no respeito à soberania nacional.

O chanceler lembrou que, em 18 de agosto, o governo enviou comentários formais à investigação aberta pelos EUA com base na Seção 301 da Lei de Comércio Exterior, defendendo políticas como o PIX e o combate ao desmatamento ilegal.

Além disso, em 5 de agosto, o Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço de 50% anunciado por Washington, denunciando violações às regras do sistema multilateral.

Vieira também disse que o Brasil pretende articular com outros países uma "refundação da OMC", em busca de estrutura mais moderna e flexível.

O chanceler frisou que parceiros como México, Índia e França já manifestaram preocupação com a situação, em meio às dificuldades do organismo, paralisado desde 2019, após os EUA bloquearem a nomeação de juízes para o órgão de apelação.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou medidas para mitigar os impactos das tarifas, entre elas crédito facilitado para exportadores, restituição de tributos e aumento das compras públicas de alimentos. A intenção é apoiar os setores mais afetados até que haja uma solução negociada para o impasse.

Por Sputinik Brasil