Apesar de não sentir sintoma relevante, o aposentado José Pedro da Silva, de 80 anos, já convivia com um grave problema no coração: a estenose aórtica, doença caracterizada pelo estreitamento da válvula aórtica, responsável por controlar o fluxo sanguíneo do coração para o corpo.

Essa condição silenciosa pode levar à insuficiência cardíaca e até à morte súbita se não for tratada. Mas, graças a um Implante de Válvula Aórtica Via Transcateter (TAVI), no Hospital do Coração Alagoano, em Maceió, o problema de saúde foi sanado.

A TAVI é uma cirurgia minimamente invasiva, uma vez que o procedimento, feito por um cateter, dispensa a necessidade de abrir o tórax. Deste modo, a recuperação é mais rápida e segura, principalmente para pacientes idosos e com outras fragilidades de saúde, a exemplo do aposentado José Pedro da Silva.

“Eu só posso dizer que as pessoas devem fazer acompanhamento com um cardiologista independente do que sintam. Eu não sentia nada! Descobri meu problema por conta de um eco solicitado para um tratamento dentário”, relatou José Pedro da Silva, que recebeu alta hospitalar com menos de 48 horas após o procedimento.

Com este implante de José Pedro da Silva, já são 40 TAVIs feitos pelo Hospital do Coração Alagoano, conforme informou o cirurgião cardiovascular Kleberth Tenório, coordenador do Centro Cirúrgico da unidade.

“Hoje a TAVI é considerada uma das maiores revoluções no tratamento das doenças cardíacas estruturais. Ela possibilita que pacientes de alto risco, muitas vezes sem condições de passar por uma cirurgia convencional, recebam uma nova válvula com segurança”, explicou.

A realidade da estenose aórtica

A estenose aórtica é uma das doenças valvares mais comuns no mundo. Em geral, os pacientes apresentam cansaço, falta de ar, dores no peito e desmaios. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, estima-se que cerca de 5% da população acima dos 75 anos tenha algum grau da doença. Globalmente, milhões de pessoas são afetadas, e a expectativa é de que os casos aumentem com o envelhecimento da população.

No Brasil, milhares de pacientes aguardam diagnóstico ou tratamento. Sem intervenção, cerca de 50% dos pacientes sintomáticos com estenose aórtica grave não sobrevivem mais de dois anos. Por isso, o avanço da TAVI representa um marco na medicina cardiovascular.

Para receber esta indicação, segundo o médico, o paciente é avaliado por uma equipe de especialistas, que faz as indicações, acompanha os resultados assistenciais, avalia os riscos e contraindicam o procedimento tradicional de peito aberto. “Somente são indicados aqueles que preenchem os requisitos de gravidade”, pontuou Kleberth Tenório.

No procedimento, é implantada uma nova válvula para corrigir o estreitamento no diâmetro da válvula aórtica. Com isso, são restabelecidos os volumes normais de passagem do fluxo de sangue do ventrículo para a aorta.