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PUC-Campinas lança Programa Antirracista pela Cor do Esporte
Programa tem parceria da Prefeitura de Campinas, Ministério Público, Federação Paulista de Futebol, Câmara Municipal, OAB, Deinter, Ponte Preta, Guarani e Vôlei Renata e prevê ações para combater o racismo no esporte e na educação

A PUC-Campinas lançou, neste dia 25 de agosto, no Auditório do Campus I, o Programa Antirracista pela Cor do Esporte, iniciativa inédita que busca reforçar a luta contra o racismo por meio da educação e do esporte. O projeto nasce em parceria com a Prefeitura de Campinas, o Ministério Público, a Federação Paulista de Futebol, a Câmara Municipal, o Deinter (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a Ponte Preta, o Guarani e o Vôlei Renata, reunindo esforços para garantir o cumprimento das leis antirracistas e ampliar a representatividade negra.
Marcaram presença na cerimônia de lançamento o Reitor da Universidade, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior; o Vice-Reitor, Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David; o Prefeito de Campinas, Dário Saadi; o Secretário Municipal de Esportes e Lazer, Fernando Vanin; a Analista de Integração e Desenvolvimento de Futebol da Federação Paulista de Futebol, Gleice Silvestre; a Promotora de Justiça do Ministério Público (MP), Dra. Cristiane Hilal; a Presidente da OAB Campinas, Dra. Luciana Freitas; o Presidente da Câmara Municipal de Campinas, Luiz Rossini; o Presidente do Conselho Deliberativo da Ponte Preta, Dr. Tagino Alves dos Santos; o embaixador do Vôlei Renata, Maurício Lima; o professor e historiador José Moraes Dos Santos Neto; a Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra, Marcela Reis, entre outras autoridades, pró-reitores, professores e alunos.
O Programa
Entre as ações previstas no Programa Antirracista pela Cor do Esporte está a criação de um Núcleo Permanente de Estudos sobre Racismo no Esporte, que reunirá membros da comunidade acadêmica, da população e das entidades parceiras para debater casos, propor soluções e desenvolver novas formas de atuação. Também fazem parte da agenda a campanha “Abrace essa Causa”, que busca garantir, entre as principais medidas, que pelo menos 30% das crianças que entram em campo com os jogadores sejam pretas, além da distribuição de uma cartilha antirracista em jogos selecionados da FPF.
No âmbito acadêmico, o programa prevê a curricularização da extensão com foco em ações antirracistas. Isso significa que cursos como Direito, Comunicação, Educação Física, Psicologia, Fisioterapia, História, entre outros, criarão ações e materiais que dialoguem com a sociedade e ajudem a fortalecer a luta contra a discriminação.
Força em conjunto com entidades
O evento de lançamento teve em sua abertura a fala do Reitor da Universidade, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, que ressaltou a relevância do programa criado junto a entidades importantes. “A proposta é que o programa atue dentro e fora da Universidade, com todos os parceiros que nós temos hoje e outros que vão se juntar ao programa ao longo de sua implementação. A união entre todos esses parceiros agrega força para que o projeto, de fato, repercuta, e alcance seu propósito, que é de formar uma sociedade antirracista, marcada pela igualdade, pela justiça e pela paz”, afirmou o Reitor.
O prefeito de Campinas, Dário Saadi elogiou o programa e afirmou que irá implementar várias ações no âmbito municipal. “A Prefeitura de Campinas é parceira nesse programa com a PUC-Campinas, que lançou a ideia do enfrentamento ao racismo no esporte. Todas as entidades envolvidas estão mobilizadas, nesse momento, para enfrentar esta situação que nos envergonha. Nós não podemos admitir que isso ainda exista no mundo e, principalmente, em Campinas. A prefeitura já está pronta para colocar em prática tudo o que foi definido nesse programa”, ressaltou o prefeito.
A coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro, Edna Almeida Lourenço, falou sobre a urgência de se unir forças sobre esse tema. “O projeto visa combater o racismo no esporte, que está tão presente, ainda, principalmente nos estádios de futebol, onde as torcidas se manifestam, e isso nós precisamos combater. Então, a nossa intenção é que as pessoas tenham consciência de que o racismo é crime, mas independentemente dessa questão da legislação, é o respeito que nós temos que ter com as raças, com as etnias, com todos e todas”, explica. “E a grande importância desse programa é darmos o exemplo para as nossas crianças, pois elas vão para o estádio e veem a prática do racismo, então, se elas não forem educadas para não fazerem isso em meio a sociedade, elas acabarão reproduzindo o que, eventualmente, uma pessoa racista faz no estádio”, completou.
Ferramenta de conscientização
Para o professor e historiador José Moraes dos Santos Neto, que estuda o tema a fundo, o esporte e a educação, juntos, tem um potencial grande de conscientização. “O esporte é uma ferramenta de educação, de inclusão, de socialização, então nada melhor do que o esporte para combater o racismo, que, infelizmente, é uma realidade da nossa sociedade. A gente tem visto frequentemente nos noticiários, casos de racismo em jogos de futebol, vôlei, basquete. E por isso, um programa como esse é fundamental”, explica.
No Legislativo
O presidente da Câmara, Luiz Rossini, se disse honrado por fazer parte da iniciativa. “Ao participar desse programa, o legislativo campineiro fica bastante honrado, em especial por ser uma iniciativa inovadora e que mostra a preocupação da PUC-Campinas com o tema e com a formação de seus profissionais ao colocar esse assunto como algo fundamental. Só há uma maneira de a gente mudar a sociedade: é educando, conscientizando as pessoas de que o racismo é crime”, salienta o parlamentar.
A promotora do Ministério Público, Dra. Cristiane Hilal, relembrou casos antigos de racismo e a necessidade de se continuar na busca por justiça. Ela também citou as mediadas que o MP irá desenvolver. “A participação do Ministério Público vai ser estabelecer um canal de denúncia específico para esse programa através de um e-mail que nós iremos criar, próprio para ele. Nós também nos disponibilizamos a participar da confecção de uma cartilha que será idealizada pelos estudantes de Direito da PUC-Campinas, e estamos à disposição para ajudar no que precisar, incluindo na sua divulgação e também para o relacionarmos com outro projeto do MP que é o ‘Cidade Antirracista’, que visa estimular políticas públicas em geral no enfrentamento do racismo”, reforçou.
A Dra. Luciana Freitas, Presidente da OAB Campinas, afirmou que irá auxiliar também incluindo o tema em seus eventos. “A OAB Campinas participará de modo a auxiliar em cartilhas explicativas e nós nos dispusemos a promover, por meio das nossas comissões, eventos também que fossem destinados a falar da questão antirracista dentro do esporte. Além disso, a entidade irá auxiliar no acolhimento e encaminhamento das pessoas, dentro dos estádios de futebol”, afirmou.
Força no esporte
Gleice Silvestre, Analista de Integração e Desenvolvimento de Futebol da Federação Paulista de Futebol, afirmou que “primariamente, a nossa intenção é fazer com que, ao menos, 30% das crianças que entram com os jogadores no início de cada partida sejam negras com o objetivo de incentivarmos os clubes a fazerem parte do programa, ainda que nós não tenhamos ingerência sobre eles. Isto deve acontecer mais na linha do incentivo, uma vez que nós já contamos com o Tratado Antirracista e da Diversidade da própria FPF. A ideia é unificarmos todas essas ferramentas de combate ao racismo dentro do esporte, pois, sem dúvida nenhuma, a educação é o melhor caminho para a gente combater a desigualdade”.
Para o Presidente do Conselho Deliberativo da Ponte Preta, Dr. Tagino Alves dos Santos, é importante envolver as torcidas no processo de letramento. “A Ponte Preta precisa convocar as lideranças de torcidas. Porque a torcida tem um papel fundamental também dentro do estádio. Você tendo as lideranças conscientes do que é o racismo, você consegue trabalhar a sociedade como um todo”, disse.
O Campeão Olímpico Maurício Lima, que é embaixador do Vôlei Renata, falou da importância dessa parceria em um tema tão sensível. “A educação, juntamente com o esporte, é fundamental nessa luta contra o racismo. O racismo nos envergonha quando ainda temos que falar disso em 2025. Essa é uma luta constante, é uma luta de todos nós”, afirmou.
Ao final, os representantes das entidades assinaram a Carta de Intenções “Abrace essa Causa”, que trata de um compromisso das partes em promover ações na luta contra o racismo e na busca por justiça, cada um na sua área de atuação.
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