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Astrônomos rastreiam explosão de rádio mais brilhante de sempre até sua origem (IMAGENS)

Sputinik Brasil 24/08/2025
Astrônomos rastreiam explosão de rádio mais brilhante de sempre até sua origem (IMAGENS)
Foto: CC BY-SA 3.0 IGO / Agência Espacial Europeia /

Astrônomos rastrearam a rajada rápida de rádio mais brilhante já registrada, a FRB 20250316A, até sua origem em uma galáxia a 130 milhões de anos-luz. A descoberta, feita com o telescópio CHIME e confirmada pelo JWST, pode revolucionar o entendimento sobre essas misteriosas explosões cósmicas.

Os astrônomos identificaram o que pode ser a rajada de rádio (FRB, do inglês fast radio burst) mais brilhante já registrada, conhecida como FRB 20250316A ou RBFLOAT. Essa explosão rápida de rádio, que em milissegundos libera energia equivalente à vida inteira do Sol, foi rastreada até sua origem, marcando um avanço significativo na compreensão desses fenômenos misteriosos.

As rajadas rápidas de rádio (FRBs, na sigla em inglês), detectadas pela primeira vez em 2007, são difíceis de estudar por sua curta duração e raridade de repetição. A principal hipótese é que elas sejam causadas por magnetares — estrelas de nêutrons com campos magnéticos extremamente intensos. A descoberta da RBFLOAT pode ajudar a validar ou a refinar essas teorias.

O radiotelescópio CHIME, apelidado de "máquina de descoberta de FRBs", foi o responsável por detectar e rastrear a RBFLOAT. Pela primeira vez, ele conseguiu localizar sozinho a origem de uma FRB, situada em uma pequena região da galáxia NGC 4141, a cerca de 130 milhões de anos-luz da Terra — um feito comparado a enxergar uma moeda a 100 quilômetros de distância.

Amanda Cook, líder da equipe da Universidade McGill, destacou que esse resultado representa um ponto de virada na astronomia: agora é possível identificar com precisão a origem das rajadas, o que pode revelar se são causadas por estrelas moribundas, objetos magnéticos exóticos ou algo ainda desconhecido. A precisão foi possível graças aos novos telescópios "estabilizadores" do CHIME, espalhados pela América do Norte.

A localização exata permitiu que o Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) fosse acionado rapidamente, capturando um sinal infravermelho fraco próximo ao ponto de origem da explosão. Essa foi a primeira vez que uma FRB foi rastreada com rapidez suficiente para ser observada pelo JWST, revelando um possível objeto associado à explosão.

O objeto infravermelho, apelidado de NIR-1, pode ser uma estrela gigante vermelha ou uma estrela massiva de meia-idade. No entanto, essas estrelas não costumam estar ligadas a eventos tão energéticos. A hipótese mais promissora é que NIR-1 tenha uma companheira mais extrema, uma estrela de nêutrons que estaria retirando material da gigante vermelha, desencadeando a FRB.

Mesmo que essa associação não se confirme, os dados obtidos já oferecem pistas valiosas. Caso a fonte infravermelha desapareça com o tempo, pode indicar que se trata apenas da luz refletida pela explosão, reforçando a teoria de um magnetar isolado como origem da RBFLOAT.

A intensidade da explosão, sua proximidade relativa e a capacidade do JWST de capturar imagens detalhadas tornam essa descoberta crucial para futuras investigações sobre FRBs.