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Moradores de Craíbas denunciam barulho e tremores causados por mineradora

População relata noites sem sono, rachaduras em casas e medo de desabamento; Justiça acompanha impactos da exploração de cobre pela Vale Verde

Redação 23/08/2025
Moradores de Craíbas denunciam barulho e tremores causados por mineradora
Foto: Assessoria

Moradores da zona rural de Craíbas, no Agreste de Alagoas, afirmam viver dias de apreensão desde a instalação da Mineração Vale Verde (MVV) na região. As queixas vão desde ruídos constantes de máquinas até explosões que provocam tremores e rachaduras em mais de 400 casas próximas à Mina Serrote, onde a empresa realiza a extração de cobre.

Um dos líderes comunitários, Tancredo Barbosa, gravou um vídeo na madrugada da última quarta-feira (20), no Sítio Lagoa do Mel, em que registra barulhos de máquinas em plena madrugada. “É 24 horas de barulho. O chão treme, as paredes tremem, é como se fosse um terremoto semanal”, disse. Segundo ele, a rotina pacata da comunidade foi substituída por noites em claro e medo de acidentes.

Além do impacto sonoro, moradores relatam intensa movimentação de caminhões e carros pesados, poeira no ar e risco de desabamentos. Muitos afirmam que perderam a tranquilidade e que a qualidade de vida foi comprometida.

A situação levou a Defensoria Pública da União (DPU) a ajuizar uma ação civil pública em 2023, pedindo estudos técnicos independentes sobre os impactos da mineração. A Justiça Federal chegou a determinar a instalação de sensores para medir tremores, mas a mineradora recorreu, alegando alto custo do projeto. Até hoje, não houve definição sobre o impasse.

A Vale Verde iniciou suas atividades em Craíbas entre 2020 e 2021, com promessa de desenvolvimento econômico e geração de empregos. No entanto, parte dos moradores precisou deixar suas casas, e os que permaneceram denunciam riscos à saúde e ao meio ambiente.

Em abril deste ano, a MVV foi vendida ao grupo chinês Baiyin Nonferrous por US$ 420 milhões. Desde o início da operação, já foram exportadas 300 mil toneladas de minério de cobre para países como China, Finlândia, Índia e Polônia.

Em nota, a mineradora informou que todos os monitoramentos ambientais estão dentro dos limites legais e que mantém diálogo constante com a comunidade por meio do Comitê Social Participativo. A empresa anunciou ainda o programa “Portas Abertas”, que permitirá visitas de moradores à mina para acompanhar os processos de exploração.