Internacional
Trump quer evitar imagem de 'derrotado na Ucrânia' e Putin sinaliza saída honrosa, diz especialista

Em um encontro histórico que selou a retomada das relações entre Rússia e Estados Unidos após anos de rompimento no governo Joe Biden, os presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump, discutiram por quase três horas na última sexta-feira (15) diversos assuntos da agenda comum, principalmente o conflito na Ucrânia.
Conforme Putin, o principal resultado do encontro bilateral no Alasca foi alcançar um entendimento entre os dois países que pode abrir o caminho para alcançar a paz na Ucrânia. O especialista militar e oficial da reserva da Marinha, Robinson Farinazzo, ressalta à Sputnik Brasil que no campo de batalha a questão ucraniana já está "resolvida" em meio à grave crise enfrentada pelo Exército ucraniano.
"Se você está vencendo a guerra, não há o que negociar. As preocupações do Putin se referem mais a questões geopolíticas [...] e o que ele quer agora é redefinir o papel da Rússia no novo mundo que está se reconfigurando. E é interessante lembrar que essa redefinição vai ser feita à revelia dos europeus, mas basicamente quem vai decidir são Estados Unidos, Rússia e China e, talvez, a Índia venha a ter um papel importante nos próximos anos", justifica.
Trump 'não quer posar como perdedor'
Em entrevista à mídia norte-americana após o encontro, Trump afirmou que o ucraniano Vladimir Zelensky "deveria aceitar a proposta de Putin" e fazer um acordo. Entre os pontos principais, estão a garantia de não-adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o reconhecimento das novas regiões russas, conforme aprovado em plebiscitos realizados com as populações locais.
"O Trump é uma pessoa muito midiática e gosta de vencedores, essa é a verdade dele. Diante disso, ele não quer posar como o perdedor da guerra da Ucrânia e já sabe que o conflito está perdido [...].Ele deve tentar se dissociar dessa debacle ucraniana que se avizinha e tratar de uma nova agenda, que é o restabelecimento das relações entre Rússia e Estados Unidos, que foram muito esgarçadas no governo Joe Biden", resume.
Além disso, o especialista vê que o presidente Putin quer "deixar uma saída honrosa para o Trump" frente à opinião pública. Já em relação à União Europeia, cujos líderes devem se reunir com o norte-americano nos próximos dias, Farinazzo questiona a capacidade do bloco em continuar financiando o conflito e o regime de Zelensky sem o apoio total dos Estados Unidos.
"O Exército ucraniano está em pré-debacle e, se a Europa quiser ajudar efetivamente, vai ter que colocar tropas no terreno. Vi declarações recentes do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para colocar 30 mil homens lá, mas os britânicos não conseguem esse número nem dentro do Reino Unido, e isso é impraticável. O que resta à Europa é continuar financiando a Ucrânia com armas e ajuda até para pagar funcionários públicos, mas vai chegar um momento em que esse aporte financeiro vai ter um reflexo profundo no investimento social dos países europeus", analisa.
Por fim, Farinazzo considera o "timing que a Rússia usou para negociar com os Estados Unidos muito bom", já que nesse momento Trump conta com uma grande força política no país e poderia sustentar um acordo para o fim do conflito ucraniano.
"Esse é um momento propício para as negociações, vamos ver como as coisas vão evoluir agora, já que sabemos que o Trump é muito inconstante. Mas a primeira impressão que tenho é que há muita sinceridade do Trump em querer negociar com a Rússia".
Mais lidas
-
1APOSTAS
Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 55 milhões
-
2TRAGÉDIA
Cinco pessoas morrem atropeladas por caminhonete em Ouro Branco
-
3NASA
Telescópio James Webb da NASA detecta 300 objetos misteriosos no Universo primordial (FOTO)
-
4ARSAL ANUNCIA
Águas do Sertão cobrará aumento na conta a partir de 11 de setembro; veja a lista dos municípios
-
5INVESTIMENTOS
Chamada Pública da Nova Indústria Brasil oferece R$ 10 bilhões em oportunidades para o Nordeste