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'Brasil deveria dialogar com Trump contra tarifas', diz analista
Segundo especialista, governo não pode surfar em onda midiática

Embora explorar a influência midiática das tarifas impostas pelos Estados Unidos possa beneficiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em termos de popularidade, é essencial que o Brasil mantenha um canal de diálogo aberto com Donald Trump para buscar reduções tarifárias.
Esta é a análise de Alexandre Mathias, responsável pela estratégia da Monte Bravo Investimentos, revelada à ANSA nesta quarta-feira (16).
"O comportamento do presidente Trump é imprevisível, mas ele continua sendo o líder do maior país do mundo e nosso segundo maior mercado de exportação. É preciso haver um canal de negociação", enfatizou o analista.
Mathias destacou ainda que Trump citou três questões: Bolsonaro, censura e relações comerciais. No entanto, o ex-presidente do Brasil e a censura "devem ser deixados de lado — sobre os quais até Trump sabe que Lula tem escopo limitado -" e é preciso se concentrar "em propostas concretas de tarifas e abertura de mercado", principalmente porque "há margem para reduzir as taxas".
Segundo o analista, é "hora de baixar a temperatura", mesmo que, politicamente, a crise possa se mostrar favorável ao governo brasileiro.
"O confronto facilita a recuperação da popularidade de Lula, como aconteceu no México e no Canadá", observa. "A retórica 'ricos contra pobres' é uma jogada que funciona especialmente com seu eleitorado doméstico e pode restaurar seu apoio no Nordeste e entre os segmentos mais pobres da população, onde ele havia perdido terreno".
Para Mathias, "essa ação está em linha com as questões discutidas na cúpula dos Brics no Rio de Janeiro, que influenciaram a reação de Trump".
De acordo com ele, Lula "falhou em ler o momento e lançou inúmeras provocações contra os Estados Unidos", principalmente ao propor uma moeda alternativa ao dólar.
No plano econômico, o analista defendeu uma distinção entre curto e longo prazo. "Tarifas são prejudiciais a todos porque aumentam custos e reduzem a produtividade, mas, no curto prazo, o impacto macroeconômico é limitado e não mudará o cenário", alertou Mathias, destacando que "as tarifas serão amplamente absorvidas".
Quanto à taxa de câmbio, o especialista da Monte Bravo Investimentos reforçou que "o dólar tende a se desvalorizar globalmente devido à saída de capitais dos EUA, enquanto o real está sob pressão por causa da aproximação das eleições e da difícil situação fiscal do Brasil".
Com as tarifas, as estimativas de inflação para 2025 permanecem inalteradas (em 5,5%) e o crescimento em 1,9%, "em linha com uma desaceleração já prevista", concluiu.
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