Alagoas

Governo Federal lança programa para salvar hospitais privados em crise; em Alagoas, unidades estão à beira da falência

Iniciativa permitirá troca de dívidas por atendimento especializado no SUS e prevê até R$ 2 bilhões em créditos tributários

Redação 25/06/2025
Governo Federal lança programa para salvar hospitais privados em crise; em Alagoas, unidades estão à beira da falência

Em meio a uma grave crise que atinge hospitais privados e filantrópicos em todo o país — e com reflexos diretos em Alagoas, onde várias unidades operam em estado pré-falimentar —, o Governo Federal anunciou nesta semana uma medida emergencial e estruturante: o programa “Agora tem Especialistas”, que será lançado oficialmente em agosto.

A iniciativa permitirá que hospitais endividados troquem seus débitos tributários por consultas e exames especializados prestados ao SUS (Sistema Único de Saúde). A expectativa do Ministério da Saúde é que o programa viabilize até 4,6 milhões de consultas e 9,4 milhões de exames por ano, com um teto anual de R$ 2 bilhões em créditos, incluindo abatimento de impostos.

A medida também contempla hospitais e clínicas sem dívidas, que poderão acumular créditos tributários ao prestar serviços especializados à rede pública, funcionando como incentivo para ampliar a adesão da rede privada ao atendimento pelo SUS.

Alagoas: quadro crítico

Em Alagoas, a medida chega em momento crucial. Hospitais tradicionais, muitos deles de perfil filantrópico, têm reduzido leitos, suspendido especialidades e cortado equipes médicas por falta de recursos. Municípios do interior, como Arapiraca, Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios, vêm relatando desassistência em áreas como oncologia, cardiologia e pediatria.

Com a possibilidade de compensação tributária, hospitais que enfrentam dificuldades financeiras poderão manter serviços essenciais, evitando o fechamento de portas e a sobrecarga ainda maior dos hospitais públicos.

Outras ações do programa

O “Agora tem Especialistas” vai além da parceria com a rede privada. O pacote do governo inclui:

Mutirões de atendimentos especializados em hospitais públicos e privados conveniados;

Ampliação de turnos em unidades já existentes para desafogar a fila;

Unidades móveis para áreas de difícil acesso e regiões desassistidas;

Centros especializados em áreas críticas, como o tratamento oncológico;

Uso da telessaúde, conectando pacientes de regiões remotas com médicos especialistas por videoconferência.

Combate ao represamento

Segundo o governo, o programa foi desenhado para atacar diretamente o represamento histórico de consultas e exames que se agravou após a pandemia de Covid-19. Milhões de brasileiros estão na fila de espera por um especialista — muitos em condições que exigem urgência diagnóstica e terapêutica.

A expectativa é que, com a entrada em vigor do programa, a fila seja reduzida significativamente até o fim de 2026, com impacto direto na qualidade do atendimento prestado à população mais vulnerável.

Em estados como Alagoas, onde a combinação de subfinanciamento, má gestão e endividamento crônico ameaça a continuidade de serviços básicos, a medida é vista como última chance de resgate de unidades que já operam no vermelho há anos.