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Não ignoremos os ombros dos titãs

Nós não somos apenas os caminhos que percorremos, os tropeços que damos, as circunstâncias que vivemos. Somos também e, principalmente, o modo como encaramos os nossos descaminhos, a forma como enfrentamos nossas desventuras, a maneira como abraçamos o conjunto desconjuntado da nossa vida. Como nos ensina Ortega y Gasset, é isso que somos; e se não salvamos as nossas circunstâncias, estamos condenando a nós mesmos.
Dito de outro modo, podemos olhar para nossa sombra e lamentar a nossa diminuta condição ou, em vez disso, podemos nos perguntar, de forma resoluta, o que podemos fazer de significativo com o pouco que temos e com o nada que somos.
Para responder a essa espinhosa pergunta, mais do que inteligência e sagacidade, é preciso que tenhamos uma profícua imaginação, tendo em vista que pouco poderá ser compreendido se nossa imaginação for anêmica.
Lembremos: nada pode ser acessado pela nossa compreensão sem que antes tenha sido devidamente formulado pela nossa imaginação, porque aquilo que não pode ser imaginado não pode ser pensado.
Por essa razão, é de fundamental importância que dediquemos uma atenção especial à educação do nosso imaginário, bem como que nos dediquemos a enriquecer nossa leitura de obras de caráter histórico e literário.
Dando uma injeção vitamínica dessa monta em nossa imaginação, seremos capazes de desenhar diferentes cenários políticos e sociais que, até então, não seríamos capazes de conjecturar; poderemos vislumbrar possibilidades de vidas humanas que, antes, seríamos incapazes de conceber e, consequentemente, poderemos refletir de forma mais profunda a respeito da nossa vida e de matutar de modo mais claro sobre os caminhos possíveis que a sociedade atual poderá trilhar num futuro não tão distante.
Qualquer um que, por exemplo, deite suas vistas nas páginas de “Admirável Mundo Novo”, de A. Huxley; “1984”, de G. Orwell; na biografia de Lira Neto sobre Getúlio; e em “Os Donos do Poder”, de R. Faoro, terá sua imaginação fertilizada com uma gama de elementos que, sem dúvida alguma, possibilitará ver a vida com outros olhos, com outros parâmetros.
Enfim, Bernard de Chartres nos diz que somos apenas anões nos ombros de gigantes. Agora, se não voltamos nossa atenção e nosso coração para as páginas titânicas, seremos apenas e tão somente o que somos.
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