Brasil
Fórum Parlamentar do BRICS termina com críticas ao protecionismo e defesa da multipolaridade (VÍDEOS)

Com críticas veladas à política externa dos Estados Unidos, defesa da soberania energética e discussões sobre a criação de uma moeda própria, o 11º Fórum Parlamentar do BRICS terminou nesta quinta-feira (5), em Brasília (DF), com a aprovação de uma declaração conjunta em favor de uma governança global mais inclusiva e sustentável.
O evento, que começou na última terça (3), reuniu 16 delegações e teve como tema central "O Papel dos Parlamentos do BRICS na Construção de uma Governança Global mais Inclusiva e Sustentável". Entre os assuntos debatidos, estiveram inteligência artificial, sustentabilidade, segurança, paz, direitos das mulheres, saúde e cooperação interparlamentar.
Durante a cerimônia de encerramento, os parlamentares aprovaram uma declaração conjunta que será enviada à 17ª Cúpula de Líderes do BRICS, que acontece em julho no Rio de Janeiro (RJ).
O documento, com 36 parágrafos, aborda seis eixos principais: saúde global, o desenvolvimento econômico, a sustentabilidade climática, a governança da inteligência artificial, a reforma da arquitetura multilateral de paz e a cooperação interparlamentar duradoura.
"É uma mensagem clara em favor da cooperação, do multilateralismo, da inclusão e do desenvolvimento sustentável para todos", afirmou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Repubicanos-PB).
No documento, os parlamentares condenaram "medidas coercitivas unilaterais", como sanções e bloqueios econômicos, que afetam diretamente comércio, segurança alimentar e desenvolvimento de países do Sul Global. A referência, ainda que indireta, aponta para práticas adotadas por países como os Estados Unidos e a União Europeia nos últimos anos.
"Reiteramos nossa preocupação com o uso de medidas coercitivas unilaterais, incluindo sanções ilegais, que são incompatíveis com os princípios da Carta da ONU e do direito internacional", afirma a declaração aprovada.
A crítica vem em um contexto de crescente insatisfação entre países do Sul Global diante do protecionismo de potências ocidentais, a exemplo dos recentes aumentos das tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos Estados Unidos, o que impacta diretamente as exportações de países emergentes.
Interferência dos EUA na gestão paraguaia de Itaipu
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também comentou à imprensa a possível interferência norte-americana na gestão energética do Paraguai para impulsionar a indústria de inteligência artificial. Alcolumbre alertou sobre os impactos para o Brasil, que depende do excedente de energia gerado por Itaipu.
"[A fonte] […] de energia renovável, feita 50 anos atrás, de termos um problema gravíssimo de falta de energia no Brasil, é porque os Estados Unidos vão fazer a inteligência artificial no Paraguai. Temos que debater todos os aspectos da inteligência artificial — […] na prática, as nossas preocupações com o ser humano, mas no mundo real a preocupação também é econômica", afirmou.
Outro tema levantado por Alcolumbre foi a criação de uma moeda comum entre os países do BRICS, após ser questionado pela Sputnik Brasil. O presidente do Senado reconheceu que a ideia ainda não avançou nas discussões formais, mas considerou o debate necessário.
"Não percebi essa preocupação […] nas agendas, até porque as nossas agendas que foram estabelecidas no programa como prioritárias, elas são muito densas em todos os aspectos", disse.
Apesar disso, Alcolumbre defendeu que o bloco deve iniciar o debate com seriedade e estratégia. "Acho que, do ponto de vista internacional, competir com o dólar é muito difícil. Mas acho também que é um debate a se iniciar", acrescentou.
Na declaração final, os países do BRICS também incentivaram o uso de moedas locais nas transações comerciais entre os membros, sinalizando uma tentativa de reduzir a dependência do dólar.
"Destacamos a importância do uso ampliado de moedas locais no comércio e nas compensações financeiras entre os países do Brics e seus parceiros comerciais", diz o texto.
A próxima edição do Fórum Parlamentar do BRICS será sediada pela Índia, em 2026. A delegação indiana apresentou um vídeo sobre o país e reforçou a visão do parlamento como "voz da democracia".
A presidência do fórum foi simbolicamente transferida ao presidente da câmara baixa da Índia, Om Birla, que exaltou a trajetória do bloco. "O BRICS se tornou um símbolo de uma jornada inspiradora e tem crescido em influência, amplificando a voz do Sul Global", afirmou.
Por Sputinik Brasil
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