Cidades
Psicanalista Severino Angelino alerta sobre sinais silenciosos e defende acolhimento e diálogo na prevenção do sofrimento psíquico entre jovens

Em tempos de hiperconexão digital e sobrecarga emocional, o sofrimento psíquico entre jovens se manifesta de forma cada vez mais silenciosa e preocupante. O psicanalista Severino Angelino, especialista no atendimento a adolescentes e jovens adultos, lança um importante alerta: muitos sinais de sofrimento passam despercebidos, agravando quadros de ansiedade, depressão e até mesmo comportamentos autodestrutivos.
“Os jovens, muitas vezes, não verbalizam diretamente a dor que sentem. Ela se expressa através de mudanças sutis no comportamento, que podem ser facilmente confundidas com fases comuns da adolescência ou interpretadas como rebeldia”, explica Severino Angelino. Entre os sinais mais frequentes, ele destaca o isolamento social, a perda de interesse por atividades antes prazerosas, alterações significativas no sono e no apetite, além de episódios de irritabilidade ou apatia excessiva.
O especialista enfatiza que o acolhimento e o diálogo são as principais estratégias de prevenção. Segundo ele, criar um ambiente seguro, onde os jovens possam se expressar sem medo de críticas ou julgamentos, é fundamental para que eles se sintam à vontade para compartilhar suas angústias. “A escuta empática tem um poder transformador. Quando o jovem percebe que sua dor é validada, ele se sente menos sozinho e mais propenso a buscar ajuda”, ressalta.
Severino Angelino observa que o sofrimento psíquico entre jovens, embora silencioso, é intensificado por uma sociedade que impõe padrões rígidos de sucesso, felicidade e produtividade. “Vivemos numa cultura que valoriza a força, a performance e a autoexigência extrema, deixando pouco espaço para a vulnerabilidade. Muitos jovens acreditam que não podem demonstrar fragilidade, o que os leva a internalizar seus conflitos e a sofrer em silêncio”, destaca.
Para o psicanalista, a prevenção vai muito além do consultório. Ela começa nas relações familiares, escolares e comunitárias, através da construção de vínculos afetivos sólidos, baseados na confiança e no respeito à subjetividade de cada jovem. “Precisamos desnaturalizar o discurso de que sofrimento emocional é fraqueza. Pelo contrário: reconhecer a dor e buscar ajuda é um ato de coragem e saúde”, afirma.
Severino Angelino também reforça a necessidade de que pais, educadores e profissionais de saúde estejam atentos e capacitados para identificar precocemente os sinais de sofrimento emocional. “Quanto mais cedo o acolhimento e a intervenção acontecerem, menores são os riscos de agravamento e maiores as chances de um desenvolvimento emocional saudável”, pontua.
A mensagem do psicanalista é clara e urgente: é preciso fortalecer redes de apoio, estimular o diálogo e, principalmente, ouvir os jovens com respeito e sensibilidade. “Cada escuta acolhedora pode ser decisiva para salvar uma vida. O sofrimento psíquico não pode mais ser um tabu, nem um fardo carregado em silêncio. Falar sobre isso é o primeiro passo para transformar realidades”, conclui.
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