Alagoas

Bárbara Lima defende memorial e se torna a primeira egressa da Fonoaudiologia a conquistar o título de professora titular na Uncisal

Danielle Cândido / Ascom Uncisal 12/05/2025
Bárbara Lima defende memorial e se torna a primeira egressa da Fonoaudiologia a conquistar o título de professora titular na Uncisal
Cerimônia marcou a primeira defesa de memorial no novo espaço e celebrou a ascensão de Bárbara ao cargo de professora titular da Uncisal - Foto: Ascom Uncisal



A Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) viveu um momento histórico na manhã da última sexta-feira (09), com a Banca de Defesa do Memorial Acadêmico da Profa. Dra. Bárbara Patrícia da Silva Lima, realizada às 9h no Polo de Pós-Graduação Professora Nadeje Amália do Nascimento, no Centro de Maceió. A cerimônia, que teve transmissão ao vivo, marcou a primeira defesa de memorial no novo espaço e celebrou a ascensão de Bárbara ao cargo de professora titular da instituição.

 

Em sua fala, a professora Bárbara emocionou o público ao destacar a dimensão pessoal e coletiva de sua trajetória: “Essa é a defesa mais difícil da minha vida, pois falo da minha trajetória. Quem está tentando ser titular hoje são todas as pessoas que me fazem ser quem eu sou. Eu sou porque nós somos. Tenho 22 anos de Uncisal, dos 40 que tenho de vida. Sou a primeira egressa da Fonoaudiologia a se tornar titular. Isso é honroso. Cumpro o que disse no terceiro ano da graduação: voltar para a Uncisal como professora de saúde coletiva”.

 

Na apresentação de seu memorial, Bárbara utilizou uma linha do tempo estruturada em seções guiadas por Adinkras africanos, símbolos que traduzem valores e princípios. A ancestralidade foi representada por “Sankofa”; suas caminhadas, por “Mmere Dane”; o fortalecimento da docência por “Mate Masie”; a transformação do ensinar por “Sesa Wo Suban”; e o desejo constante de aprender por “Nea Onnim No Sua A, Ohu”.


 

Nascida em Arapiraca e formada em Fonoaudiologia pela Uncisal entre os 18 e 22 anos, Bárbara participou do movimento estudantil “Da Nossa Voz” e descobriu na docência o caminho para promover transformações. “Decidi ser professora porque quem ensina aprende mais. Me identifiquei com a atenção primária e com o SUS. Meu propósito é a educação antirracista. Acredito em um conhecimento que, além de técnico, seja ético, solidário e transformador, refletindo os princípios de justiça racial e social que tanto defendo”, compartilhou.

 

A defesa foi presidida pela profa. dra. Mara Cristina Ribeiro (Uncisal), que destacou o caráter político e transformador da trajetória da docente. “É inegável o valor robusto da sua trajetória em várias áreas. Sua decisão cotidiana é profunda: ser uma mulher negra sem medo de ser quem é. Esse gesto de coragem, de habitar o próprio corpo, história e voz — sem silenciar para caber nos moldes da academia — é revolucionário”, pontuou.

 


Ex-coordenadora do curso de Fonoaudiologia, a profa. dra. Nayyara Glícia Calheiros Flores (Uncisal) acompanhou de perto a formação da nova titular: “Bárbara é agregadora, participativa, revolucionária”. Nayyara contou que viu de perto a curiosidade, a vontade de aprender e de repassar esse conhecimento em Barbára. “É uma alegria vê-la alcançar aquilo que tanto almejou”, destacou.

 

O prof. dr. Augusto César Alves de Oliveira (Uncisal) ressaltou o aspecto afetivo e coletivo da trajetória de Bárbara: “Sua história é uma trajetória geográfica, mas também de vida — e trajetória é movimento. Na base desse movimento, há amorosidade e autoridade nas relações familiares, que se reproduzem na docência. Você é apaixonada pela invisibilidade: saúde coletiva, antirracismo”.

 

A profa. dra. Emanuella Pinheiro de Farias Bispo (Cesmac), amiga de longa data da docente, relembrou os tempos de cursinho. “Desde sempre, você recomeça a caminhar. Recomeço é uma palavra que te representa. Sua trajetória é marcada por merecimento, mérito e esforço. Você tem essa incrível capacidade de agregar”, lembrou.

 

O prof. dr. Jefferson de Souza Bernardes (Ufal) destacou a potência transformadora do percurso de Bárbara. “Essa é a terceira banca que avalio você. O uso dos Adinkras africanos no seu memorial representa bem a mulher que foi e que está se construindo. Os lugares por onde passou — São Paulo, Bahia, Alagoas, Fortaleza, Maceió, Arapiraca — não são apenas deslocamentos geográficos, mas também deslocamentos de identidade, de saberes, de potência”, conclui.

 

A cerimônia foi marcada por emoção, aplausos e o reconhecimento de uma história que, embora singular, representa os sonhos e lutas de muitos. Em suas palavras finais, Bárbara reforçou seu compromisso com uma educação transformadora: “Defensora da educação como ferramenta de transformação social, sigo com o objetivo de construir um legado que transcenda as fronteiras acadêmicas, promovendo saúde, igualdade e justiça”.


 

Sobre a professora

 

A profa. dra. Bárbara Patrícia da Silva Lima é defensora do SUS e atualmente realiza pós-doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com foco no enfrentamento do racismo na formação em saúde. Doutora em Ciências (Ensino na Saúde) pela Unicamp, é mestre pela Ufal e Fellow Faimer Brasil. Fonoaudióloga formada pela Uncisal, atua como docente da mesma instituição, onde também é colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família (Renasf/Fiocruz), tutora da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi/Uncisal). Também é professora titular do Cesmac, membro do corpo editorial do Journal of Health Equity (Kings College London) e do GT Racismo e Saúde da Abrasco. Desenvolve estudos nas áreas de saúde da população negra, equidade, antirracismo, atenção primária e gestão do cuidado.