Política
José Sarney critica falta de liderança no Congresso e aconselha Lula a não disputar reeleição em 2026

Prestes a completar 95 anos, o ex-presidente José Sarney concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (9), na qual compartilhou suas perspectivas sobre a atual conjuntura política brasileira e o futuro do país.
Sarney, que foi o primeiro presidente civil após a ditadura militar, refletiu sobre sua própria trajetória política ao ser questionado sobre a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) candidatar-se à reeleição em 2026, quando terá 81 anos. Ele afirmou: "Só ele pode decidir. Quando deixei de ser candidato, muita gente no Amapá pedia que eu fosse candidato. Achei que não deveria. É melhor sair muito bem do que já velho."
Apesar disso, Sarney defendeu que o MDB, partido do qual é presidente de honra, apoie uma eventual candidatura de Lula: "Não administro a convivência partidária e as alianças, mas sou o presidente de honra do MDB e vejo que sempre foi um partido difícil porque tem democracia interna. Ninguém domina o MDB. Não há dono do partido. Acho que o MDB deve apoiar (Lula), sim. Entre os candidatos que estão colocados, Lula ainda é o homem que tem a maior popularidade, a maior confiança do povo brasileiro."
O ex-presidente também expressou preocupação com a falta de liderança no Congresso Nacional e ressaltou a necessidade de uma reforma política no país. Ele observou que, atualmente, há uma multiplicação de partidos sem raízes históricas e que, sem partidos políticos fortes, não há democracia forte. Sarney enfatizou que a disciplina partidária democrática é aquela que tem democracia interna, algo que, segundo ele, os partidos atuais não possuem.
Sobre a polarização política que o Brasil enfrenta, Sarney destacou a importância de superar essa divisão para que o país possa prosperar: "O Brasil tem que superar isso porque casa dividida não prospera. A política se ideologizou muito nos últimos anos e não pode ser uma política de inimigos, e sim de adversários."
Além disso, ele defendeu a implementação de um sistema parlamentarista mitigado, semelhante ao modelo francês, como uma solução para os desafios de governança enfrentados pelo país. Sarney argumentou que o presidencialismo de coalizão atual leva a muitas acusações de corrupção, pois o presidente precisa aliciar e formar maiorias, o que muitas vezes extrapola o interesse público.
Por fim, ao refletir sobre os 40 anos de redemocratização que o Brasil comemora nesta semana, Sarney afirmou que este é o maior período democrático da história brasileira, sem nenhum hiato, e ressaltou que o país conseguiu fazer uma transição sem hipotecas militares, consolidando instituições fortes capazes de suportar crises e ameaças à democracia.
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