Economia

Servidores do IBGE protestam no Rio contra a fundação IBGE+ e gestão 'autoritária' de Pochmann

29/01/2025
Servidores do IBGE protestam no Rio contra a fundação IBGE+ e gestão 'autoritária' de Pochmann
Márcio Pochmann - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Em mais um capítulo da crise interna que se arrasta há meses no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), servidores do órgão realizaram um protesto na manhã desta quarta-feira, 29, em frente à sede do instituto, na região central do Rio de Janeiro.

Os trabalhadores se opõem à fundação de direito privado IBGE+, criada pela gestão de Marcio Pochmann. Os manifestantes acusam ainda o presidente de conduzir o IBGE de forma autoritária, ignorando recomendações dos técnicos e empreendendo sucessivas investidas contra o sindicato dos servidores do instituto, o Assibge-SN.

"Ele está atacando o sindicato. Nós somos o IBGE", disse a servidora Maria Lúcia Vilarinhos. "Fortalecer o IBGE para nós é ter recursos próprios para sabermos que vai ter Censo Demográfico a cada dez anos, Contagem da População, Censo Agropecuário."

Embora a demanda oficial do sindicato seja pela implementação de um efetivo diálogo entre a direção e os trabalhadores, já era possível ouvir gritos de "Fora, Pochmann" entre os presentes.

"Seria bom que ele fosse embora, que arrumasse um cargo em outro lugar para ganhar mais. Ele não entende nada do IBGE, não entende como funciona, não entende nada das pesquisas", discursou Gleice Assis, que integra um dos núcleos regionais do Assibge-SN.

Nos dizeres de faixas e camisas de protesto, os manifestantes pediam uma gestão efetivamente democrática, mais orçamento, mais servidores efetivos e respeito aos trabalhadores do órgão. O ato de protesto foi convocada pelo Assibge, após reunião virtual com a participação de mais de mais de 50 coordenadores de núcleos para debater a crise no instituto.

Além da manifestação na sede, estavam previstos também atos, assembleias e panfletagens de protesto em outros estados. A entidade que representa os trabalhadores já alertou que a crise interna tem sido usada por opositores do governo federal em tentativas de desgastar a credibilidade das estatísticas produzidas e já dificultam o trabalho de coleta de dados em campo.

"Nosso sindicato nunca lutou só por salários e direitos, nosso sindicato lutou pelo IBGE como instituição pública", disse a servidora Susana Drummond, pedindo o fim da fundação IBGE+. "Não vamos recuar!"

A executiva nacional do sindicato distribuiu no ato carta aberta afirmando que "decisões recentes da atual direção do IBGE colocam em risco a soberania geoestatística brasileira". Tais decisões incluem, sobretudo, a fundação IBGE+, apelidado de IBGE Paralelo.

"Essa não é uma luta só do IBGE, é uma luta de todo o serviço público. Feito de cima para baixo, (a fundação IBGE+) é um modelo que eles vão querer replicar em todo o serviço público, é para poder privatizar, para ceder aos liberais", declarou Raul Bittencourt, secretário-geral do Sindicato Intermunicipal dos Servidores Públicos Federais dos Municípios do Rio de Janeiro (Sindisep-RJ). "Isso expõe a recusa de setores ditos progressistas de dialogar com sindicatos de trabalhadores."

Presente no ato, o Sindisep-RJ já tinha emitido uma moção de apoio aos servidores do IBGE e, em especial, ao sindicato dos trabalhadores do instituto.

"Pochmann criou a IBGE+, uma 'fundação privada de apoio', verdadeiro IBGE paralelo, de forma autoritária e sem diálogo prévio com a casa. Quando questionado pelo sindicato, passou a fazer todo o tipo de ataque, inclusive levantando falsas suspeitas quanto os motivos da Assibge", dizia o texto da moção do Sindisep-RJ, que convocava ainda os servidores públicos de demais órgãos para engrossar a manifestação desta terça-feira em frente à sede do IBGE.