O Reserve Bank of India (RBI), como é conhecido o BC indiano, anunciou nesta segunda-feira, 27, uma série de medidas para injetar liquidez no sistema bancário local, após o setor atingir o maior déficit de liquidez dos últimos 15 anos. A iniciativa também ocorre depois de reunião do BC com economistas indianos, que expressaram preocupação sobre o ritmo da flexibilização da política monetária.

Em comunicado oficial divulgado nesta segunda, o RBI disse que conduzirá operações abertas de mercado em leilões de títulos do governo no valor de 600 bilhões de rupias (US$ 6,95 bilhões) em três datas distintas: 30 de janeiro, 13 de fevereiro e 20 de fevereiro. O BC também realizará um leilão de juros variáveis repo de 56 dias para 500 bilhões de rupias, no dia 7 de fevereiro, e um leilão cambial para vender US$ 5 bilhões com prazo de seis meses, no dia 31 de janeiro.

"O RBI continuará monitorando os desdobramentos de liquidez e condições de mercado para tomar medidas apropriadas", disse o BC, em nota.

O sistema bancário da Índia enfrenta seu maior déficit de liquidez desde abril de 2010, no valor de 3,3 trilhões de rupias (US$ 38,2 bilhões), segundo números do BC indiano. Analistas da corretora indiana Angel One avaliam que os fatores para a baixa liquidez incluem saídas de impostos e de investimentos estrangeiros, além de repetidas intervenções cambiais do RBI para tentar estabilizar a rupia.

Na madrugada desta segunda, os rendimentos de títulos soberanos da Índia de 10 anos caíram para 6,65%, seu menor nível desde fevereiro de 2022, conforme a Bloomberg, após o BC indiano intervir e fazer compra significativa de dívidas para aliviar a falta de dinheiro no país.

A iniciativa do RBI também ocorre na esteira de uma reunião com os principais economistas do país. Na ocasião, eles alertaram que cortes de juros podem não ser suficientes para revigorar a economia, de acordo com relatos de fontes ouvidas pelo jornal financeiro indiano Business Standard.

Ainda no encontro, os economistas teriam dito que a Índia precisa de infusão durável de liquidez porque, caso contrário, os bancos não irão reduzir os custos de empréstimos mesmo que o BC corte o juro básico.