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Êxodo do gabinete de Netanyahu poderia desencadear eleições e derrubar o primeiro-ministro?

A trégua em Gaza desencadeou um motim político entre elementos da extrema-direita do governo de coalizão de Benjamin Netanyahu, com ministros se demitindo completamente ou temporariamente em protesto contra o acordo de cessar-fogo. Netanyahu deveria estar

20/01/2025
Êxodo do gabinete de Netanyahu poderia desencadear eleições e derrubar o primeiro-ministro?
Foto: © AP Photo / Ronen Zvulun

A coalizão do primeiro-ministro israelense está enfrentando turbulências sobre a assinatura e implementação do cessar-fogo em Gaza em meio a ataques liderados por "pesos pesados​​ministeriais" de extrema direita, como o ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir e o ministro das Finanças Bezalel Smotrich.

Ben-Gvir deixou o gabinete no domingo (19), prometendo retornar se a guerra em Gaza recomeçar "com força total". Smotrich também renunciou temporariamente e ameaçou derrubar o governo, mas consequentemente anunciou que retornaria.

A coalizão de Netanyahu mantém maioria apertada no parlamento de 120 assentos de Israel, liderado por seu partido, o Likud, e incluindo os partidos de direita religiosa ou sionista Shas, Judaísmo Unido da Torá, Noé Ortodoxo e Nova Esperança — Direita Unida.

Alguns observadores temem que, se novas eleições forem realizadas, a política israelense retome um ciclo de instabilidade como o experimentado entre 2018 e 2022, quando cinco votações antecipadas foram convocadas em um período de quatro anos em meio a disputas intermináveis ​​entre alas pró e anti-Netanyahu no parlamento israelense.

A longa saga do julgamento criminal de Netanyahu, constantemente adiada pela guerra e por questões de saúde do líder israelense, também ameaça voltar para assombrá-lo agora que a crise de Gaza foi temporariamente suspensa.

O que está por trás das reclamações?

A saída de Ben-Gvir está ligada "à possibilidade do Hamas permanecer no poder em Gaza por algum tempo", disse à Sputnik Zeev Hanin, professor de política da Universidade Bar-Ilan, comentando sobre a confusão na coalizão governista.

A direita está furiosa porque a segunda parte do objetivo declarado de Netanyahu de libertar os reféns e destruir o Hamas não aconteceu, explicou o analista.

Ao mesmo tempo, "pelo menos dois terços dos israelenses, a julgar pelas pesquisas, ficarão satisfeitos neste estágio" com o retorno dos reféns, e considerarão isso "uma vitória nesta guerra", diz o observador. A atitude é, "devolva-os e lide com o Hamas no futuro", disse Hanin.

Eleições de primavera para Netanyahu?

Segundo Hanin, a coalizão de Netanyahu tem 63 membros, o suficiente para evitar que as birras de seus ministros de extrema direita o derrubem.

As eleições provavelmente serão nesta ano, mas "não antes da primavera", acredita o especialista.

"Elas ocorrerão quando Netanyahu decidir que é conveniente para ele dissolver o parlamento israelense e organizar a votação, se o acordo lhe trouxer dividendos políticos, digamos assim. Mais importante, se houver alguns acordos com Trump por trás do acordo, quaisquer concessões em Gaza parecerão razoáveis ​​e moderadas", resumiu o professor.

Por Sputinik Brasil