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O Nordeste e o Relatório da PF: Golpe, Desinformação e a Exploração de Identidades

Redação com agências 01/12/2024
O Nordeste e o Relatório da PF: Golpe, Desinformação e a Exploração de Identidades

O Nordeste, historicamente considerado um dos principais redutos eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT) e peça estratégica nas disputas presidenciais, ocupou uma posição controversa nas eleições de 2022. Além de consolidar a força do PT ao longo de décadas, a região teria sido alvo de táticas fraudulentas, como a criação de números telefônicos falsos e a disseminação de notícias manipuladas, em um esquema que visava interferir na percepção pública do pleito.

Na terça-feira, 26, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo do relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado. O documento indica o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 36 indivíduos em ações que colocaram em risco a integridade do processo eleitoral brasileiro.

Agora sob análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), o relatório levanta questionamentos sobre a influência da desinformação e das estratégias antidemocráticas. A região Nordeste emerge como um cenário central dessas operações.

Um dos casos que chama atenção no relatório envolve a capital alagoana, Maceió. Segundo o documento, integrantes de uma organização criminosa utilizaram identidades falsas e codinomes de outros países para mascarar suas atividades por meio de celulares.

Entre os episódios investigados, destaca-se o número associado ao codinome “Áustria”, ativado em 8 de dezembro de 2022, em nome de Alexsandro Barros de Carvalho, residente em Maceió. O vínculo foi encerrado poucos dias depois, em 13 de dezembro. As apurações confirmaram que Alexsandro não tinha ligação com o esquema golpista, sendo suas informações usadas de forma fraudulenta.

Outro número, identificado pelo codinome “Brasil”, foi ativado no mesmo dia e vinculado a Arão Edmundo da Silva, morador de Salvador (BA). Assim como no caso de Alexsandro, não há indícios de que Arão estivesse envolvido nos fatos, reforçando o uso de dados de terceiros para camuflar os verdadeiros autores.

A revelação do relatório reacendeu os debates sobre a vulnerabilidade das instituições e o impacto de ações antidemocráticas, destacando como o Nordeste foi envolvido em estratégias que buscavam enfraquecer o sistema eleitoral brasileiro