Watling Street, uma conhecida estrada com quase 2.000 anos de construção linear, foi uma das principais artérias que conectavam o porto de Dover durante o Império Romano na Britânia até a região chamada de West Midlands. Mas apesar de ser conhecida historicamente, sua localização exata e sua rota em algumas áreas de Londres era um enigma para os arqueólogos.

Em uma recente escavação, ao sul do cruzamento entre a Old Kent Road e a Ilderton Road, pesquisadores descobriram uma seção bem preservada desta estrada medindo cerca de 5,8 metros de largura por quase 1,4 metro de altura, confirmando sua existência abaixo da atual Old Kent Road.

O valor da descoberta está em fornecer a primeira evidência física direta de que este trecho da Watling Street resistiu às inúmeras mudanças de infraestrutura urbana que ocorreram ao longo dos séculos por quase 2.000 anos.

Conduzida como parte de um projeto que visa equipar mais de 3.000 unidades habitacionais sociais com aquecimento de baixa emissão como parte da rede de aquecimento sustentável de Southwark, a escavação revelou camadas da estrada romana, incluindo uma base compacta de cascalho e várias camadas de giz e areia debaixo das estradas atuais.

De acordo com a apuração da BBC, o oficial de arqueologia interno do conselho de Southwark, dr. Chris Constable, que auxiliou a equipe envolvida no projeto, disse que uma seção da mesma estrada ao sul do Cantium Retail Park foi escavada no início dos anos 1990, mas seu curso exato permanecia um mistério até agora.

"No planejamento para este projeto, esperávamos resolver esta questão, mas a extensão da sobrevivência da estrada é notável", explicou ele.

O que surpreendeu as autoridades envolvidas no achado foi perceber que os motoristas da atualidade continuam utilizando uma rota que já foi usada por imperadores romanos como Adriano em 122 d.C., quando ordenou a construção do famoso muro — construído para proteger a fronteira selvagem noroeste do Império Romano, e mais tarde no século XIV como rota de peregrinação para Canterbury, além de já ter sido cenário para personagens como James Bond nos cinemas, e em Doctor Who, a série britânica de ficção científica, no ar por mais de 60 anos.