Alagoas

Governador lança projeto para salvar corais alagoanos em parceria com instituições

Carlos Victor Costa /Agência Alagoas 12/11/2024
Governador lança projeto para salvar corais alagoanos em parceria com instituições
Legenda: Governador Paulo Dantas ao assinar parceria que visa combater o grave problema do branqueamento dos corais no litoral do estado - Foto: Pei Fon/ Agência Alagoas



O governador Paulo Dantas anunciou na segunda-feira (11) o lançamento do projeto Corais de Alagoas, uma iniciativa inédita que visa combater o grave problema do branqueamento dos corais no litoral do estado. A ação, que contará com o apoio do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), promete revolucionar os esforços de conservação marinha em Alagoas.

O projeto Corais de Alagoas recebeu o incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeal) e contou com a articulação de diversos órgãos do estado, como a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e o Instituto do Meio Ambiente (IMA). Para o governador, essa união de esforços demonstra o compromisso do governo em proteger o patrimônio natural de Alagoas e garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.

“Nós estamos fazendo esse esforço conjunto para mantermos um grande potencial natural que nós temos que é o nosso litoral, sobretudo iniciando aqui no Marco dos Corais, preservando essa costa que tem um potencial gigantesco para o desenvolvimento social e econômico do nosso estado. É um investimento na ordem de R$ 2,4 milhões, o CAF vai entrar com R$ 1,7 milhões, o Governo do Estado com R$ 700 mil reais, em qual nós vamos poder sanar e melhorar os quatro pontos mais críticos do nosso litoral às costas dos corais”, disse o governador.

“Vamos alcançar esses pontos aqui em Maceió e na região metropolitana. Inclusive, quero agradecer todo o empenho e toda dedicação dos prefeitos que aqui estão e estão também com toda a responsabilidade e com todo o sentimento de entender que nós temos que buscar o desenvolvimento econômico de maneira sustentável”, acrescentou o governador.

A secretária de Estado do Turismo (Setur), Bárbara Braga, lembrou que o projeto começa com o diagnóstico e o monitoramento de todos os recifes de corais, que de fato precisam desse auxílio para que seja dada continuidade com a sustentabilidade sendo pátria e impeça a mortalidade dos corais que é um dos maiores benefícios de Alagoas.

“Em segundo passo já vem o período da restauração dos recifes de coral, é muito importante lembrar que serão 500 colônias nesse período de dois anos que serão restauradas e inseridas nos nossos mares e em terceiro a qualificação do turismo. Não tem como falar em turismo sem falar em sustentabilidade e vice-versa, então nosso objetivo é integrar todo esse projeto de recuperação, de revitalização do branqueamento dos corais para que a gente impeça novos branqueamentos que ocorrem devido à alta temperatura das águas”, disse a secretária.

De acordo com a representante do CAF no Brasil, Estefania Laterza, esse trabalho que está sendo feito pelo banco tem que ter sempre esse componente da sustentabilidade. "Além de trabalhar com muitos estados aqui no Brasil e trabalhar com municípios, nós focamos muitos em projetos e programas que são como esse, justamente, que está trabalhando para parar esse branqueamento dos corais. Não é apenas porque o Brasil, nesse momento, está dando o exemplo de um país proativo na defesa do meio ambiente e na sustentabilidade. É também porque é conveniente, como indicaram aqui, a secretária e o governador, para o desenvolvimento econômico do Estado”.

“Um estado que quer ter turismo, que quer ter crescimento, ele não pode apenas usar os recursos de uma maneira sem pensar neles, na sustentabilidade deles. É muito importante pensar como eles vão se renovar para que as próximas gerações continuem usando esses recursos. Então esse branqueamento precisa de uma ação firme, feita nesse momento, porque se a gente não atuar agora, vamos acabar perdendo. Se a gente perder esse patrimônio biodiverso tão importante do Brasil, então vamos acabar também perdendo outras atividades econômicas”, acrescentou.

 

“É preciso entender esse fenômeno”, diz Guedes

  

O diretor-presidente da Fapeal, Fábio Guedes, pontuou que é importante compreender o fenômeno da natureza que atinge um ativo fundamental do estado de Alagoas que são os corais.

“Se nós não nos prepararmos para enfrentar esse problema, certamente seremos prejudicados na área de turismo e na área de desenvolvimento econômico e social. Então essa é uma iniciativa fantástica do governo e também para a nossa comunidade científica acadêmica porque esse grupo vai produzir relatórios, vai formar pessoas e aqui nós estamos num estado que se preocupa com gente e de formar jovens, profissionais para o futuro. Esse investimento de R$ 2,3 milhões já promete a atração de mais R$ 5 milhões pelo BNDES porque ele está inscrito dentro do projeto submetido ao BNDES. E assim, cada real que o governo do estado coloca em ciência e tecnologia de inovação está trazendo mais recursos”, ressaltou o gestor da Fapeal.

Para o coordenador do Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno (Ecoa) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), professor Robson Santos, foi realizado um trabalho conjunto para chegar a esse momento. Segundo ele, o lançamento desse projeto é muito especial, porque marca não só um enfrentamento a esse problema global, como também  a união entre o Estado de Alagoas e a Universidade Federal de Alagoas.

“Um problema que não é um problema do nosso estado só, não é um problema só do Brasil, é um problema global e de escalas imensas, então é um desafio imenso para a gente tentar lidar. E esse projeto vem nesse âmbito, de tentar fazer com que todo esse patrimônio que a gente tem aqui continue para a gente. O turismo aqui está extremamente ligado com os recifes de coral e a nossa proteção de costa. Então esses recifes ajudam na proteção da nossa linha de costa. Então tem muita coisa por trás, muito mais que a biodiversidade. A biodiversidade por si só já bastaria, mas tem muita coisa relacionada com esse projeto”, pontuou.

“Esse é um momento importante para a gente da academia, que é onde a gente para de apenas escrever o obituário dos nossos ecossistemas e passa a tentar dar um passo a mais nessa união com o estado para conseguir ter políticas públicas que ajudem a gente nesse enfrentamento”, acrescentou.