Em um movimento que gerou estranheza e polêmica, o deputado federal Paulão (PT) reagiu duramente às especulações de que estaria se aliando a Arthur Lira (PP) para dividir espaços no Incra Alagoas. Tentando desmentir as “ilações”, Paulão classificou as notícias como “mentirosas”, mas a repercussão negativa do encontro com o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), já levanta questionamentos sobre suas reais intenções.

A justificativa do petista para o encontro com Gonçalves, que lhe teria pedido apoio para construir uma escola em tempo integral, pareceu insuficiente para muitos observadores, que enxergam um claro movimento de aproximação com figuras ligadas ao PP – partido de Arthur Lira. Vale lembrar que, há tempos, o Incra em Alagoas tem sido alvo de disputas por controle político, e a declaração de Paulão de que ele não compactua com o gestor atual soa para alguns como uma tentativa de se distanciar de decisões impopulares, enquanto ainda mantém diálogo com figuras da oposição.

Distorções e descontentamentos

A situação fica ainda mais delicada com o posicionamento do PT de Rio Largo, que declarou oposição explícita à gestão de Gilberto Gonçalves, prefeito que vem recebendo apoio de Paulão em algumas demandas locais. O distanciamento entre o discurso do PT municipal e as ações de Paulão acendeu alertas dentro e fora do partido, gerando dúvidas sobre até que ponto o deputado está disposto a manter sua integridade ideológica ou se está cedendo a pressões de outros grupos de poder.

Tentando justificar suas ações, Paulão comparou suas alianças ao próprio presidente Lula, que se aliou a Geraldo Alckmin. No entanto, para alguns membros do partido e seus apoiadores, a comparação não sustenta as contradições recentes do deputado em seu relacionamento com políticos adversários do PT.

Candidatura ao Senado e a reação contrária

Não é segredo que Paulão tem ambições para o Senado em 2026, mas sua postura defensiva e a tentativa de justificar alianças controversas têm gerado desgaste em sua imagem pública e receio entre os aliados. Além disso, Paulão tem um histórico de derrotas eleitorais fragorosas e suas vitórias apertadas. Ao atribuir o incômodo a “arautos do caos”, Paulão não convence aqueles que acreditam que ele esteja tentando desviar o foco das alianças pouco convincentes que vêm surgindo.

Resta saber até onde Paulão estará disposto a avançar em suas alianças e justificar diálogos que, aos olhos de muitos, parecem contrários aos princípios do PT em Alagoas. O petista diz que vai “à luta” por um futuro melhor para o partido, mas para muitos, sua posição atual levanta a pergunta: por quem, de fato, Paulão está lutando?