Política

Declínio: PT conquista apenas 4,5% das prefeituras brasileiras nas eleições de 2024

Redação com agências 27/10/2024
Declínio: PT conquista apenas 4,5% das prefeituras brasileiras nas eleições de 2024

O Partido dos Trabalhadores (PT), legenda do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teve um desempenho muito modesto nas eleições municipais de 2024. Dos 5.570 municípios brasileiros, o PT conseguiu conquistar apenas 252 prefeituras, o que representa cerca de 4,5% do total. Apesar de contar com a maior figura política do país à frente do Executivo nacional, o partido não conseguiu transformar o capital político de Lula em uma vitória significativa nas eleições municipais.


Esse resultado reflete um retrocesso no alcance da legenda, que, historicamente, já teve uma presença muito mais ampla em nível local. A baixa quantidade de prefeituras conquistadas expõe um distanciamento da população em diversas cidades brasileiras, especialmente em um momento em que o governo federal tenta retomar a liderança e a popularidade herdadas dos mandatos anteriores do partido. Nas capitais, o desempenho foi ainda mais limitado: o PT elegeu apenas o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, após uma disputa acirrada contra o candidato do PL, André Fernandes, em um segundo turno definido voto a voto.


A Força da Direita no Nordeste e o Papel do PT


Das nove capitais do Nordeste, apenas duas elegeram prefeitos de partidos de esquerda. Fortaleza ficou com o PT e Recife com o PSB, que elegeu João Campos no primeiro turno. Já as demais sete capitais nordestinas escolheram candidatos de partidos de direita ou centro, o que revela uma tendência conservadora na região em que Lula teve a maior vantagem proporcional de votos nas eleições presidenciais de 2022.

Desde 2012, quando o PT elegeu Luciano Cartaxo em João Pessoa, o partido não conquistava uma prefeitura de capital no Nordeste. A vitória de Evandro Leitão em Fortaleza foi importante, mas está longe de representar uma retomada significativa de espaço no cenário local, considerando que a região é tradicionalmente uma base forte de apoio ao presidente Lula. Esse resultado reflete a mudança de preferência dos eleitores nordestinos, que, nas eleições municipais, acabaram optando por candidatos ligados a partidos mais conservadores.

O PSB manteve sua hegemonia no Recife, atingindo um marco inédito de quatro mandatos consecutivos, com João Campos sucedendo Geraldo Julio, que venceu em 2012 e 2016. Esse desempenho expressivo destaca a permanência de partidos que conseguiram estabelecer laços duradouros com a população local e consolidar seus projetos.


Distribuição das Capitais Nordestinas


As prefeituras das capitais nordestinas ficaram distribuídas da seguinte forma:


Fortaleza
- PT

Recife
- PSB

São Luís - PSD

Teresina
- UNIÃO

Natal
- UNIÃO

João Pessoa - PP

Maceió
- PL

Aracaju
- PL

Salvador
- UNIÃO

O resultado aponta o avanço do União Brasil, que elegeu três prefeitos, e do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que venceu em duas capitais, consolidando uma força de oposição ao PT na região. Já o PP, liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, conquistou a prefeitura de João Pessoa.


Balanço de Forças e o Futuro do PT


O cenário pós-eleitoral no Nordeste traz questionamentos importantes sobre o futuro do PT e a capacidade do partido em reconectar-se com as bases municipais. Enquanto o PSB ampliou sua presença no Recife, o PT enfrentou dificuldades, inclusive em regiões onde Lula teve expressiva vantagem em 2022. Isso aponta para um desafio que vai além da popularidade presidencial: a necessidade de reorganização e revitalização do partido em nível local para voltar a ter uma presença relevante em todo o país.


A primeira disputa municipal do União Brasil, partido que surgiu da fusão entre DEM e PSL, demonstrou a força da legenda, especialmente ao conquistar três prefeituras no Nordeste. O PSD, liderado por Gilberto Kassab, também obteve um resultado significativo, especialmente com a conquista de São Luís, reforçando o papel do partido como uma força centrista no Brasil.


O PL, por sua vez, consolidou sua presença como uma forte oposição ao PT na região, enquanto o PP mostrou seu poder político ao conquistar a prefeitura de João Pessoa. Esses resultados evidenciam uma fragmentação de poder e a emergência de novos atores no cenário político do Nordeste.


Em termos gerais, a queda do PT nas prefeituras brasileiras é um símbolo da dificuldade que o partido enfrenta para reocupar espaços perdidos e expandir sua influência para além das bases já estabelecidas. Com a ascensão de novos partidos de centro e direita, o partido precisará de estratégias mais eficazes para recuperar terreno e reconectar-se com o eleitorado em um momento de polarização e mudanças no quadro político brasileiro.