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Cresce nº de casais sem filhos e de brasileiros que moram sozinhos, diz IBGE
Uma mudança estrutural está em curso na sociedade brasileira, segundo dados do Censo 2022 divulgados na manhã desta sexta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com cada vez mais pessoas vivendo sozinhas e casais optando por não ter filhos.
A porcentagem de domicílios em que vive apenas uma pessoa deu um salto significativo, passando de 12,2% em 2010 para 18,9% em 2022, em todas as faixas etárias e não mais apenas entre os idosos.
O mesmo ocorreu com a proporção de casais sem filhos: subiu para 16,1% para 20,2% no mesmo período de tempo. A porcentagem de todos os demais arranjos domiciliares caiu, revelando uma alteração cultural e social significativa.
O envelhecimento da população e a queda das taxas de natalidade têm profundos impactos socioeconômicos no País. O Brasil caminha para o fim do chamado bônus demográfico (quando a proporção de jovens, a população economicamente ativa, é maior do que a de idosos e crianças, elevando as chances do País elevar o seu PIB).
Nesse período, entretanto, não conseguimos migrar de país de renda média para renda alta. Outra consequência será a crescente demanda sobre o poder público por maior estrutura de saúde, assistência social e de previdência para os grupos mais velhos.
"Essa mudança (no perfil das famílias) está relacionada a vários fatores", afirma um dos coordenadores da pesquisa, Márcio Minamigushi. "O primeiro deles é o envelhecimento da população, mas há outros, como o fato de as pessoas estarem adiando o casamento ou mesmo optando por não se casar", diz.
"E também preferindo adiar ou mesmo não ter filhos. Existe uma mudança no comportamento, na formação da família, que atinge as pessoas mais jovens e o envelhecimento da população", acrescenta.
O IBGE considera quatro espécies de unidades domésticas:
- as unissociais: aquelas com apenas um morador;
- as nucleares: em que vive só um casal, um casal com filho (s) ou só uma pessoa com filho (s);
- as estendidas: onde existe a presença de algum outro membro da família, como neto (s), avó (s), genros e noras;
- e as compostas, onde vive também algum outro indivíduo que não seja da família.
Entre as quatro espécies de unidades domésticas, a mais frequente continua sendo a nuclear, que representa 64,1% do total, ante 66% no Censo anterior, de 2010.
Na sequência, vem o tipo unipessoal (18,9%), que era de 12,2% na edição anterior. O modelo estendido foi de 15,4%), ante 19,1% no último Censo. Já o domicílio composto ficou em 1,5% - era 2,5% na década passada. Ou seja, o único tipo de unidade doméstica que aumentou sua participação foi a unipessoal, além do número de casais sem filhos - englobados na nuclear.
As maiores proporções de domicílios com apenas um morador foram registradas no Rio de Janeiro (23,4%), Rio Grande do Sul (22,3%) e Espírito Santo (20,6%), sendo que Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os Estados com a população mais envelhecida.
Os menores porcentuais de casas unipessoais estão no Amapá (12,0%), Amazonas (13,0%) e Pará (13,5%), que também são os Estados mais jovens do País.
Mas isso não significa que o aumento está relacionado apenas ao envelhecimento da população. Embora o grupo etário acima dos 60 anos ainda seja o mais prevalente entre os domicílios unipessoais (28%), foi o que registrou o menor crescimento entre 2010 e 2022 (33,5%).
Na faixa de 18 a 24 anos, o aumento do número de domicílios com apenas um morador foi de 52,2%. Já no grupo entre os 25 e 39 anos, o crescimento chegou a 61,4%; e entre os 40 e os 59 anos, o salto foi de 56,2%.
Segundo o Censo 2022, o Brasil tem cerca de 72 milhões de unidades domésticas, 15 milhões a mais do que o registrado em 2010. O número médio de moradores por domicílio também vem caindo, era de 3,7 em 2000, passou a 3,3 em 2010 e, em 2022, foi de 2,8. Atualmente, 72,3% das unidades domésticas têm até 3 moradores.
Uma outra mudança estrutural importante captada pelo Censo diz respeito a maior porcentagem de mulheres e negros como os principais responsáveis pelas unidades domésticas. Em 2022, 50,9% eram homens (37 milhões) e 49,1%, mulheres (36 milhões); uma alteração significativa em relação a 2010, quando o porcentual de homens era muito maior (61,3%) do que o de mulheres (38,7).
Em dez Estados, o porcentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica já é maior que o de homens: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas (51,7%), Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%).
Uma outra mudança importante diz respeito à raça. Em 2022, pela primeira vez, a proporção de pardos (43,8%) superou a de brancos (43,8%) entre os responsáveis pelas unidades domésticas. Em 2010, essas proporções eram, respectivamente, 40,0% e 49,4%.
De 2010 para 2022, a proporção de unidades domésticas com pessoa responsável, cônjuge e filhos de ambos recuou de 41,3% para 30,7%, enquanto a proporção de unidades com responsável, cônjuge e filho de um dos cônjuges recuou de 8% para 7,2%.
No mesmo período, a proporção de casais sem filhos subiu de 16,1% em 2010 para 20,2% em 2022.
O IBGE também divulgou nesta sexta-feira os números de óbitos. Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram informados no Censo Demográfico 2022 um total de 1,3 milhão de óbitos no País, sendo 722,2 mil homens (54,5%) e 603,9 mil mulheres (45,5%).
O Censo 2022 captou um número de óbitos inferior ao registrado pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Segundo o IBGE, isso é esperado numa pesquisa domiciliar e pode ser atribuído a erros de memória dos entrevistados e à impossibilidade de um Censo captar os óbitos ocorridos em domicílios unipessoais.
Na faixa etária dos 15 aos 34 anos, as mortes masculinas são bem mais numerosas que as femininas. As principais causas de óbito nessas idades são externas ou violentas (homicídios, suicídios, acidente de trânsito, entre outros).
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