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Guerra no Oriente Médio, 1 ano: Como o Hamas lançou o pior ataque terrorista contra Israel no 7 de Outubro de 2023

Atentado surpresa, disparado por céu, terra e mar, é considerado por autoridades israelenses a pior agressão sofrida pelo povo judeu desde o Holocausto

Agência O Globo - 07/10/2024
Guerra no Oriente Médio, 1 ano: Como o Hamas lançou o pior ataque terrorista contra Israel no 7 de Outubro de 2023
Guerra no Oriente Médio, 1 ano: Como o Hamas lançou o pior ataque terrorista contra Israel no 7 de Outubro de 2023 - Foto: Agência Brasil

Era início da manhã quando as primeiras sirenes de alerta começaram a soar em Israel, em . Mísseis e foguetes disparados da Faixa de Gaza, o menor dos territórios palestinos, contra diferentes partes do país pareciam anunciar o início de mais uma página do conflito israelo-palestino — embora poucos pudessem imaginar a intensidade do que veio a seguir. Em uma ação-relâmpago, o grupo terrorista Hamas invadiu o sul do Estado judeu por terra, céu e mar. A incursão, que só foi totalmente rechaçada três dias depois, deixou um rastro de destruição e cerca de 1,2 mil mortos — a maioria civis —, dando início à guerra mais sangrenta em décadas na região, com aproximadamente e desdobramentos no , , , , , e no .

Guerra no Oriente Médio, 1 ano:

Artigo:

Entenda o que aconteceu no dia do pior atentado terrorista da História de Israel.

1 - RUMORES NO FERIADO

Entre a noite de 6 de outubro e a madrugada do dia 7, fontes de inteligência militar e do Shin Bet, o serviço de segurança interno de Israel, captam sinais de uma possível ação hostil partindo de Gaza. O escritório do chefe do Exército, general Herzi Halevi, é notificado às 01h30. Halevi é alertado duas horas depois, convocando uma reunião para tratar da ameaça. Após uma hora e meia de deliberações, a reunião termina sem uma conclusão sobre o ataque ser iminente — ou apenas desdobramentos de movimentos que vinham sendo monitorados há semanas. Em solo israelense, as bases militares próximas a Gaza estavam com um contingente reduzido em razão da celebração judaica do Simchat Torá. Em certas bases, os soldados foram autorizados a levar familiares para seus postos de trabalho durante o feriado.

2 - INÍCIO DA OFENSIVA

A partir das 06h29 (00h29 em Brasília), o Hamas lança um ataque aéreo massivo, com mísseis, foguetes e drones. Estimativas israelenses apontam para 2,2 mil projéteis disparados. Em paralelo, unidades distintas derrubam setores da cerca de proteção que dividem Gaza e Israel e entram no território inimigo por 60 pontos diferentes. Ao todo, 2 mil homens participaram da invasão — um número reduzido deles entrou por mar, em barcos rápidos e de pequeno porte, e por ar, usando paragliders.

3 - ATAQUES CONTRA CIVIS E MILITARES

Aproveitando-se do elemento surpresa, homens do Hamas e de outros grupos armados palestinos atacam posições civis e militares durante a incursão. Comunidades rurais e pequenos povoados e cidades, como Sderot, Nir'Oz e Zikim viram alvos. Em um dos incidentes mais letais, homens armados abrem fogo contra jovens , de música eletrônica, onde se estima que cerca de 360 pessoas foram mortas. Entre as vítimas confirmadas no primeiro dia havia três brasileiros: .

4 - ALERTA DE SEGURANÇA E REIVINDICAÇÃO DO ATAQUE

Apenas às 07h48 (01h48 em Brasília), mais de uma hora após o início da invasão, o principal porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, anuncia que o país foi invadido. Minutos depois, o então comandante militar do Hamas, , aparece em um vídeo reivindicando a autoria do atentado, revelando o nome dado à operação: "Dilúvio de al-Aqsa". As Forças de Armadas de Israel (FDI) se dizem prontas para a guerra.

5 - CONFUSÃO

Apesar dos anúncios públicos, as forças israelenses tiveram dificuldade em dimensionar a gravidade da invasão. A ajuda militar começou a chegar a locais afetados em maior número apenas por volta das 10h30, quase quatro horas após o início do ataque, período em que forças de resposta rápida, muitas delas formadas por civis e militares da reserva, ficaram à própria sorte. Tropas de serviço em bases militares do sul e policiais em delegacias sob ataque foram ordenadas a resistir aos invasores — em alguns casos sendo massacradas, como na base de Nahal Oz, ocupada sobretudo por militares mulheres que trabalhavam com serviços de monitoramento. Ao todo, 441 militares e policiais israelenses morreram no primeiro dia de combate.

6 - RESPOSTA DE FATO

Às 10h50 (04h50 em Brasília), Israel ataca alvos em Gaza pela primeira vez. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que o às 11h35 — embora a declaração oficial tenha vindo no dia seguinte. À tarde, tropas especializadas e de elite começam a acessar distintas partes da área ocupada pelo Hamas, entrando em combate com as forças invasoras. O processo de neutralização da ameaça e retirada dos civis da região começa a ganhar tração durante a tarde. Falhas foram identificadas durante a operação, apontaram apurações militares posteriores, incluindo demora de unidades militares de entrarem em zonas em que havia civis e inimigos armados.

7 - FIM DA INVASÃO, COMEÇO DA GUERRA

As Forças de Defesa de Israel afirmam que a ameaça de homens do Hamas e de outros grupos armados palestinos em solo israelense foi eliminada totalmente no dia 10 de outubro, três dias depois do começo das hostilidades. A ofensiva vitimou quase 1,2 mil pessoas no país e deu início à guerra em Gaza, que já tirou a vida de aproximadamente 42 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. O conflito se espalhou pela região, com hostilidades registradas em Líbano, Cisjordânia, Iêmen, Síria, Iraque, Irã e no Mar Vermelho.

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Apuração e texto: Renato Vasconcelos • Ilustração e infografia: Renato Carvalho • Coordenação e edição: Leda Balbino