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Ex-número 4 do mundo revela que era espancada pelo pai que lhe ameaçava: 'Não se atreva a dizer nada ou eu mato você'

Documentário sobre australiana Jelena Dokic estreia daqui a um mês; a violência era praticada especialmente após as derrotas

Agência O Globo - 05/10/2024
Ex-número 4 do mundo revela que era espancada pelo pai que lhe ameaçava: 'Não se atreva a dizer nada ou eu mato você'
Foto: Reprodução

Jelena Dokic, ex-nº 4 do mundo no tênis, revelou que era agredida pelo próprio pai ao longo da carreira. Ele também era seu treinador. A revelação foi feita em um novo documentário autobiográfico da tenista, chamado "Unbreakable" (Inquebrável, em português) e que tem previsão de estreia nos cinemas australianos em 7 de novembro, daqui a cerca de um mês. Logo na sequência o filme terá distribuição mundial.

A violência era praticada especialmente após as derrotas, como contou Jelena enquanto assistia a um jogo antigo contra Martina Hingis: "Tenho 16 aqui. Eu estava jogando contra a número 1 Martina Hingis e sabia que se perdesse as consequências seriam catastróficas".

— Um dia depois de perder eu sabia o que iria acontecer... comecei a me sentir realmente quebrada por dentro (...) Não havia um centímetro de pele que não estivesse machucado. — conta Jelena, que hoje tem 41 anos. — Eu esperava que ele mudasse, mas não foi possível e acho que em algum momento, mesmo que seja família, você tem que deixar para lá e dizer: 'Isso é muito tóxico para mim'. Foi o que eu fiz; e o dia em que fiz isso me deixou muito feliz. Meu pai sempre me dizia: 'Não se atreva a dizer nada, fique em silêncio ou eu mato você.

Jelena, aposentada das quadras desde 2014, chegou às semifinais de Wimbledon em 2000 e alcançou o top 4 do tênis feminino dois anos depois. Ela despontou na carreira ainda como adolescente depois de se mudar com a família da Iugoslávia para a Austrália aos 11 anos de idade. Hoje trabalha como comentarista para um canal de TV na Austrália.

Ela não fala com o pai há dez anos:

— Durmo bem à noite. Não falo com ele, há dez anos foi a última vez. Tentei reconciliar, mas é difícil quando ele nem consegue pedir desculpas — disse em uma entrevista ao jornal The Independent, em dezembro do ano passado.