Anunciada na segunda-feira, a vinda do atacante Memphis Depay ao Corinthians é mais um movimento de estrelas do futebol europeu que resolvem se experimentar no futebol brasileiro. No caso do holandês, a contratação se torna ainda mais impactante pela idade (30 anos), pela presença na seleção do país e pelo mercado que o atacante ainda tem no Velho Continente. No Timão, o atacante dará seguimento a uma nova fase da carreira, jogando centralizado no ataque, e terá que se adaptar fisicamente, tanto em lesões quanto em ritmo de jogo.

Depay estourou no futebol atuando como um ponta-esquerda insinuante, driblador e explosivo, com ótima finalização colocada de média distância. Foi com esse estilo que disputou sua primeira Copa do Mundo, no Brasil, em 2014 — também esteve no Mundial do Catar. O chute preciso ainda é parte importante de seu estilo de jogo, mas Depay mudou pouco a pouco a forma com que atua. Agora, atua muito mais centralizado, como um camisa 9 móvel.

Foi assim que fez boa parte da última temporada, no Atlético de Madrid. Atuava de costas para a defesa tentando um último passe ou correndo nas costas dos defensores adversários como referência dos passes. Os lances em que levava mais perigo eram os que dominava na meia-lua da grande área e conseguia girar para tentar o chute forte e colocado. Na temporada 2023/24 de La Liga, tinha 19,9 ações com a bola por jogo e teve média de 0,7 finalizações no gol por partida, em 23 jogos (9 como titular).

Desafios na parte física

O baixo número de partidas é uma das razões pela qual o Atlético de Madrid teria optado por não exercer uma renovação automática de contrato, liberando o jogador ao fim da última temporada. Memphis enfrentou muitas lesões musculares enquanto esteve no clube. De abril de 2023 a julho de 2024, teve sete problemas físicos, que o fizeram perder 40 jogos somando clube e seleção, segundo levantamento do site Transfermakrt.

Na temporada passada, fez 20 jogos pelo clube, com 7 gols marcados e 2 assistências. Na seleção (pela qual disputou a Euro), foram 10 jogos, 2 gols e 2 assistências.

O novo estilo de jogo do atacante se encaixa também nesse momento físico, e será um desafio para o Corinthians num momento em que o futebol brasileiro vive uma demanda por intensidade. As propostas de Ramón Díaz exigem bastante movimentação dos atletas, algo que exigirá adaptação das duas partes. O que deve ser amenizado se ele for escalado como homem mais avançado do time.

Memphis também não é o centroavante clássico, especialista em último toque, como os que o Corinthians dispõe com Pedro Raul e o recém-chegado Héctor Hernández — e que o técnico argentino tinha como Vegetti, no Vasco. É um camisa 9 de posicionamento menos fixo, mais próximo de Yuri Alberto, mas com diferenças no estilo de jogo.