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Kamala x Trump: Veja os cinco pontos-chave do debate entre os candidatos à Presidência dos EUA

No primeiro confronto cara a cara entre a democrata e o republicano, eles abordaram questões importantes para o eleitorado americano, como imigração, aborto e política externa

Agência O Globo - 11/09/2024
Kamala x Trump: Veja os cinco pontos-chave do debate entre os candidatos à Presidência dos EUA

Em seu primeiro (e provavelmente o único) debate televisivo para as eleições presidenciais marcadas para novembro, Kamala Harris e Donald Trump discutiram questões sobre imigração, aborto, política externa e a sua visão para os Estados Unidos.

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O primeiro encontro cara a cara foi mais animado do que o de dois meses atrás, em Atlanta, quando Trump enfrentou o então candidato a reeleição democrata, o presidente Joe Biden, cujo desempenho desastroso acabou motivando sua saída da campanha e a entrada de Kamala na disputa.

Para muitos analistas, Kamala levou a melhor no embate ao conseguir expor seus argumentos e encurralar o magnata.

Veja, a seguir, cinco conclusões principais do debate de terça-feira à noite na Filadélfia:

Combativos apesar das restrições

As regras do debate na ABC News foram pensadas para manter um certo decoro, mas os candidatos entraram em confronto, interrompendo-se em diversas ocasiões e lançando ataques.

Kamala atacou Trump sobre seu equilíbrio como presidente (2017-2021), seu estilo espalhafatoso e as "muitas mentiras" que costuma contar. Usando uma linguagem mordaz, a vice-presidente disse que ela e Biden trabalharam para "limpar a bagunça de Donald Trump".

Acusou o candidato republicano de ter "grande dificuldade em processar" a sua derrota nas eleições de 2020 e, em comentários que enfureceram claramente o magnata, zombou do fato de alguns apoiadores abandonarem os seus comícios antes do fim.

Trump não ficou muito atrás.

— Estou falando, se não se importa, por favor — disse em uma ocasião em que a candidata democrata o interrompeu.

Ele fez longas críticas sobre as "insanas" políticas econômicas e de imigração do governo Biden. Trump frequentemente olhava para o chão e raramente para Kamala quando ela falava. A democrata, por sua vez, virava a cabeça de vez em quando para olhar o republicano com sarcasmo.

A batalha sobre o aborto

Os primeiros confrontos foram sobre direitos reprodutivos. Durante o seu mandato, Trump nomeou três juízes conservadores para a Suprema Corte, que enterraram o direito de acesso ao aborto ao anular o caso Roe vs. Wade. Desde então, muitos estados governados por republicanos aceleraram regras para restringir o direito ao aborto ou proibi-lo.

Trump se parabenizou por ter conseguido devolver o assunto aos estados:

— Agora é o voto do povo. Não está vinculado ao governo federal — disse ele, acrescentando: — Fiz um grande favor ao fazer isso. Tive muita coragem e a Suprema Corte teve muita coragem.

O republicano repetiu novamente a falsa afirmação de que alguns estados permitem o aborto "provavelmente após o nascimento".

— É isso que as pessoas queriam? Mulheres grávidas [...] que têm atendimento nas emergências negado porque os profissionais de saúde temem ir para a cadeia? — contra-atacou Kamala, que acusou o seu rival de espalhar um "monte de mentiras" sobre o aborto que "insultam as mulheres".

Boatos sobre imigração

As afirmações de Trump de que os imigrantes comem os animais de estimação dos americanos foram talvez o ápice de seus boatos.

— Em Springfield, eles comem os cachorros, as pessoas que chegam, comem os gatos, comem os animais de estimação das pessoas que vivem lá. E é isso que está acontecendo em nosso país — disse Trump, retomando um boato propagado desde segunda-feira pelos republicanos e desmentido pelas autoridades a respeito dos migrantes haitianos.

Quando os moderadores do debate afirmaram que as autoridades municipais não encontraram provas de tais crimes, Trump disse que "o pessoal da televisão" havia dito isso.

Duelo sobre política externa

A política externa ficou em grande parte em segundo plano, embora cada candidato tenha aproveitado o debate para atacar a visão do seu oponente e apresentar visões de mundo radicalmente diferentes.

Kamala afirmou que Trump é motivo de chacota dos líderes mundiais e alertou que o republicano "entregaria" a Ucrânia ao presidente russo, Vladimir Putin, que por sua vez "comeria vivo" o magnata americano.

O candidato republicano afirmou que "Israel desaparecerá" sob a presidência de Kamala.

— Ela odeia Israel. Se ela se tornar presidente, não creio que Israel existirá em dois anos — disse Trump.

'Kamala venceu com folga'

Alguns temiam que Kamala vacilasse sob os ataques de Trump. Mas a vice-presidente, claramente bem preparada, soube expor seus argumentos e encurralou o magnata, segundo analistas.

— Trump foi terrível e [Kamala] Harris venceu com folga — disse à AFP Larry Sabato, professor de Política da Universidade da Virgínia. —Ela se vingou da derrota de Biden no primeiro debate.

Para o estrategista republicano Liam Donovan, "a vice-presidente executou sua estratégia com perfeição, esquivando-se das perguntas do moderador, lançando golpes a Trump e provocando ataques furiosos."

O professor Julian Zelizer, da Universidade de Princeton, descreveu a "precisão e o planejamento de [Kamala] Harris diante do caos, da raiva e da desinformação de Trump".