A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) tem mantido uma atuação pontual na agenda do seu colega de chapa, Guilherme Boulos (PSOL), na disputa pela prefeitura de São Paulo. Enquanto o périplo do deputado federal envolve diversas caminhadas pela periferia e pelo centro da capital, Marta reserva seu tempo ao lado do candidato a comícios e debates. A ausência não passa despercebida: aliados pontuam que a presença da ex-prefeita, que comandou a cidade entre 2001 e 2005, seria um grande ativo e torcem por maior participação dela em agendas futuras.

Eleições municipais: Conheça a lista dos candidatos a prefeito de todas as capitais do país

Estratégia de campanha: Nunes lidera gastos para impulsionar conteúdos nas redes sociais

Há diversas razões enumeradas entre os integrantes da campanha para Marta não estar tão ativa. Um argumento é de que existe uma agenda complementar de ambos, para alcançar um eleitorado maior. Outro é de que seria por motivos de saúde, tendo em vista que a petista tem 79 anos. Há também a justificativa de que o motivo seria uma preocupação de não “ofuscar” Boulos.

Desde o início oficial da campanha, após convenção partidária realizada no dia 20 de julho, Boulos realizou 40 eventos, que envolveram caminhadas em regiões do extremo Noroeste da capital, como Perus, ao extremo Sul, como o distrito de Marsilac, além de comícios, debates e sabatinas. Destes, Marta esteve presente em seis.

Além da convenção partidária, no Expo Center Norte, a ex-prefeita figurou no lançamento do plano de governo do candidato, na Barra Funda, Zona Norte da capital, no dia 1° de agosto.

Nos dias 8 e 14 de agosto, e no dia 1° de setembro, ela compareceu aos debates realizados pela TV Bandeirantes, Estadão/Faap e Gazeta/My News, respectivamente. Em 16 de agosto foi realizado um café da manhã com Marta na casa do deputado federal. No dia 29 do mesmo mês, a ex-prefeita esteve presente no comício realizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do psolista.

De acordo com a assessoria da candidata, Marta tem “atuado em articulação política e está participando da elaboração e direção da campanha”.

Sem entrevistas

“Ela vem gravando imagens que já começam a ser veiculadas pelos programas do horário eleitoral. Temos os registros de caminhadas já feitas com Boulos e várias agendas gravadas nas ruas, imagens em eventos e participações dela em comícios, como tivemos com o Presidente Lula”, continua. De acordo com a nota, a candidata a vice tem “atuado segundo a estratégia do marketing da campanha”.

Apesar de ser avaliada com um “trunfo”, Marta também pode virar um calcanhar de Aquiles para o candidato. A ex-prefeita rompeu com o PT em 2015, fazendo uma série de críticas à legenda. Ela também atuou como secretária de relações internacionais na gestão do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), relação que tem sido usada pelo candidato Pablo Marçal (PRTB) como argumento de que ambos representam o mesmo grupo político. Até agora, a petista tem recusado participar de entrevistas coletivas e se retira ao final dos comícios e debates, deixando a cargo de Boulos as conversas com a imprensa.

Mesmo assim, quando Boulos discursa em suas agendas, principalmente nas periferias, onde a petista tem uma boa entrada, o candidato não deixa de citar sua participação na chapa. Em evento na Cidade Tiradentes, inclusive, ele destacou, durante discurso, que a escolha de Marta para a chapa foi feita por ele. Essa definição, no entanto, surgiu após uma costura entre o presidente Lula e o deputado federal Rui Falcão (PT).

Existe a promessa de que a candidata faça mais aparições públicas. De acordo com petistas, está previsto que ela vá ao Mercado Municipal nas próximas semanas. A parada é quase obrigatória para todo candidato ao comando da capital.

Os dois lados da vice

Eleitoral

Ex-prefeita, Marta carrega a experiência de ter comandado a cidade entre 2001 e 2005. A petista tem uma boa entrada principalmente nas periferias, onde Boulos não deixa de citar sua participação na chapa. Ela tem, segundo assessoria, atuado em articulação política.

Calcanhar de Aquiles

Marta rompeu com o PT em 2015, fazendo uma série de críticas à legenda. Ela atuou como secretária de relações internacionais na gestão Ricardo Nunes (MDB), o que tem sido usado por adversários como argumento de que ambos representam o mesmo grupo político.