Política

Violência política dispara no Rio; veja casos

Levantamento enumera ao menos onze episódios de ameaças pessoais ou virtuais em dois meses no Rio de Janeiro

Agência O Globo - 05/09/2024
Violência política dispara no Rio; veja casos
Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE

Candidato a vereador hospitalizado após confusão com aspirante a prefeito. Confronto aberto entre grupos de cabos eleitorais com direito a spray de pimenta. Empurra-empurra envolvendo duas postulantes à Câmara em meio a encontro inesperado de agendas. A escalada nos episódios de violência política na campanha, repleta de enfrentamentos e até ataques físicos, ligou o sinal de alerta no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), cujo presidente deu um “puxão de orelha” nos líderes de partidos durante reunião na última segunda-feira, na sede do órgão.

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— Eles precisam não só estimular uma conduta urbana e cordial: é necessário que as legendas cobrem esse comportamento de seus candidatos, representantes e cabos eleitorais de modo enfático, como parte do compromisso com a democracia — cobra o desembargador Henrique Figueira.

Um levantamento preliminar do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel), da Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio), que acompanha casos de violência política pelo país, enumera ao menos 11 episódios do gênero no estado em apenas dois meses, de julho até o último domingo, dia 1º de setembro. São incluídas na lista agressões propriamente ditas, mas também ameaças pessoais ou virtuais.

Na média, é como se um embate ideológico de campanha descambasse para a violência política a cada cinco dias, aproximadamente. No mesmo período de 2020, o Giel havia computado somente quatro casos de violência, pouco mais de um terço do patamar atual — na ocasião, porém, a pandemia da Covid-19 limitou as campanhas de rua e adiou o pleito municipal para novembro.

Sucessão de agressões

No último domingo, o candidato a vereador na capital Leonel de Esquerda (PT) foi agredido e precisou ser hospitalizado após uma confusão envolvendo o candidato a prefeito Rodrigo Amorim (União). Ele sofreu traumatismo craniano leve, chegou a ficar no CTI e só teve alta dois dias depois.

Leonel conta que panfletava no mesmo local que acontecia um evento de campanha de Rogério Amorim (PL), irmão de Rodrigo e também candidato a vereador, quando levou um chute no rosto. O PT pediu a cassação da candidatura de Rodrigo Amorim, que nega as acusações e alega que agiu em defesa própria depois de receber provocações e ofensas.

No mesmo dia, em Belford Roxo, cabos eleitorais dos candidatos Matheus do Waguinho (Republicanos) e Márcio Canella (União) se envolveram numa pancadaria, que teve até spray de pimenta. Enquanto o grupo de Matheus, sobrinho do prefeito Waguinho, afirma que o spray foi lançado por um funcionário de Canella, o adversário diz ser alvo de mentiras. Um inquérito foi aberto na 54ª DP (Belford Roxo) para investigar o caso.

Na última segunda-feira, as candidatas à Câmara dos Vereadores do Rio Alana Passos (PL) e Clarice Chacon (PSOL) se envolveram em outro episódio no Centro da capital. Na ocasião, houve bate-boca entre cabos eleitorais e as candidatas ficaram frente a frente, trocando empurrões. Agentes do programa Segurança Presente chegaram a ser acionados para apaziguar o clima.

Os quatro episódios em quatro dias reforçam a percepção de escalada ainda mais acelerada na violência política em meio à campanha fluminense. Um fenômeno que, segundo o cientista político Pedro Bahia, pesquisador do Giel/UniRio, tende a se agravar conforme se aproxime a data da eleição, cujo primeiro turno acontece em um mês, no dia 6 de outubro.

— O clima de disputa vai aumentando, as pessoas começam a comentar sobre política, porque vão vendo santinhos e bandeiras nas ruas, além de propagandas na TV. Já os candidatos vão a mais eventos, panfletam mais. A disputa fica mais acirrada e eleva a violência, infelizmente — observa.