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Chapéu usado por Lady Gaga em Veneza foi uma homenagem a um dos nomes mais importantes da moda nos anos 90; entenda

Criação do designer irlandês Philip Treacy foi feita para musa e amiga do chapeleiro usar

Agência O Globo - 05/09/2024
Chapéu usado por Lady Gaga em Veneza foi uma homenagem a um dos nomes mais importantes da moda nos anos 90; entenda

Lady Gaga atraiu todos os olhares nesta quarta-feira (4) no tapete vermelho do Festival de Veneza. O que mais impressionou os presentes foi o chapéu usado pela cantora, uma criação surrealista do chapeleiro irlandês Philip Treacy. Mas o modelo não foi criado especialmente para a pop star. Ao contrário, Treacy o desenhou para sua melhor amiga, a editora de moda Isabella Blow.

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O "Chapéu de asas de renda", como foi chamado por Philip Treacy, foi criado pelo irlandês em 2001 para Blow e usado por ela para um de seus mais famosos retratos, feito pelo fotógrafo Diego Uchitel em 2004. Blow foi fotografada sozinha e também ao lado da socialite Daphne Guinness e da consultora Amanda Harlech para um editorial que reunia musas de Treacy, as três usando criações do chapeleiro. Depois da morte de Blow, o chapéu pode ser visto na exposição "Isabella Blow: Fashion Galore!", que reuniu seu acervo de moda.

O modelo usado por Gaga foi produzido com veludo, brocado e renda e se estende à frente do rosto da artista, impendindo-a, por exemplo, de conseguir beijar o noivo, Michael Polansky, com quem está no evento. Era o tipo de acessório que Isabella Blow gostava, justamente por impedir o contato íntimo com terceiros.

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Em uma entrevista de 2002, Blow declarou que usava chapéus extravagantes por uma razão prática: "para manter todos afastados de mim. Eles dizem: 'Posso beijá-la?' Eu digo: 'Não, muito obrigado'. É para isso que uso o chapéu. Adeus. Não quero ser beijada por qualquer um. Quero ser beijada pelas pessoas que amo", contou.

Sem medo de parecer excêntrica e com um olhar apurado para a silhueta, Lady Gaga é, assim como Blow foi no passado, a mulher perfeita para as criações de Philip Treacy. Ela, aliás, já usou criações dele outras vezes.

Chapéus surrealistas são a grande marca do irlandês, de 57 anos, que tem criações vestindo personalidades que vão da rainha Camila (com adereços menos chamativos, por óbvio), do Reino Unido, à atriz Sarah Jessica Parker, que, em um evento no lançamento do filme “Sex and The City”, usou uma peça com flores e borboletas, e Zendaya, que apareceu com um totalmente floral no último Met Gala.

Quem foi Isabella Blow?

Isabella Delves Broughton foi editora de moda e um ícone de estilo. Musa do chapeleiro Philip Treacy, foi ela quem descobriu o estilista Alexander McQueen e as modelos Stella Tennant e Sophie Dahl. Nascida em uma família de aristocratas britânicos, Blow foi deserdada pelo pai em 1994 e recebeu apenas 5 mil libras da fortuna de US$ 7 milhões.

Nos EUA, trabalhou para a grife francesa Guy Laroche e na revista Vogue, onde foi assistente de Anna Wintour e, mais tarde, de Andre Leon Talley. De volta a Londres, trabalhou com outra lenda do mercado editorial de moda, Michael Roberts, que na época era diretor da revista Tatler e da Style, do Sunday Times. Mais tarde, a própria Blow se tornou diretora de moda da Tatler.

A amizade com Philip Treacy começou em 1989, quando ele desenhou o vestido de noiva para o segundo casamento dela. Uma relação de musa e criador que inspirou a exposição "When Philip met Isabella" e um livro de mesmo nome.

Blow ajudou Treacy em seu início de carreira e fez o mesmo com Alexandre McQueen, de quem comprou toda a coleção de formatura na prestigiosa escola de moda Central Saint Martins, em Londres. Conta-se que Blow pagou 5 mil libras em prestações de 100 libras por semana.

Sofrendo de depressão, Blow tomou uma dose alta de um medicamento, o que a levou ao hospital. Ela morreu dois dias depois. Em seu funeral, um chapéu de Philip Treacy adornava seu caixão. Nos anos seguintes, o acervo de moda de Blow - todo comprado pela amiga Daphne Guinness para que fosse preservado - foi tema de exposições no Reino Unido, EUA e Austrália.