Na comédia de ação “Wolfs”, exibida fora de competição hoje (1º de setembro) na 81ª edição do Festival de Veneza, Brad Pitt e George Clooney, que causaram furor desde a chegada de barco ao evento, interpretam dois criminosos inadvertidamente convocados para “limpar” a cena de um crime ocorrido num luxuoso quarto de hotel de Nova York. A trama lembra uma das inúmeras pegadinhas que os dois astros — que se tornaram grandes amigos desde “Onze homens e um segredo” (2001), de Steven Soderbergh, o primeiro filme em que trabalharam juntos — aplicaram um no outro ao longo dos anos.

Durante as filmagens, na Itália, da sequência “Doze homens e outro segredo” (2004), por exemplo, Pitt afixou cartazes pela cidade dizendo que Clooney exigia que seus fãs se referissem a ele apenas como Danny Ocean, seu personagem no longa-metragem de Soderbergh — a “exigência” chegou aos jornais da época.

De certa forma, o novo filme de John Watts, o primeiro a reunir Pitt e Clooney desde “Queime antes de ler” (2008), dos irmãos Joe e Ethan Coen, celebra a amizade e a camaradagem entre os dois atores, que vivem fazendo piadas um com o outro até em público: seus personagens precisam superar a rivalidade para sobreviver à missão que lhes foi dada. O longa também festeja a relação deles como produtores, uma vez que “Wolfs” é coproduzido pela Plan B Enterteinment, de Pitt, e a Smokehouse Pictures, de Clooney.

Como produtores, ambos investem igualmente tanto em projetos de relevância cultural e social como também em ideias puramente comerciais. Pitt, 60 anos, tem demonstrado ser um produtor mais prolífico do que seu amigo de 63. A sua Plan B está envolvida em outros três projetos em cartaz na programação de Veneza: “Os fantasmas ainda se divertem — Beetlejuice Beetlejuice”, de Tim Burton, que abriu a mostra italiana; e os documentários “One to one: John & Yoko”, de Kevin MadDonald, e “Apocalipse nos trópicos”, da brasileira Petra Costa, exibidos no pacote de títulos hors concours.

— Como produtor, minha prioridade no momento de decidir sobre um projeto sempre é a história, e o que ela tem a dizer para nós naquele momento. Depois, é uma questão de proteger e nutrir, e quem está contando essa história se torna a questão seguinte mais importante — contou Pitt, que chegou a Veneza depois da partida de Angelina Jolie, com quem tenta finalizar um rumoroso processo de divórcio.

Clooney, por sua vez, explica que produzir também é uma forma de “continuar trabalhando nessa indústria”.

— Não tenho atuado muitos nos últimos anos, então estou ensaiando um pouco um retorno ao campo de batalha, e produzir filmes também é uma forma de continuar trabalhando. Estou com 63 anos, e ainda faço o que gosto e me diverte. Cresci ganhando US$ 3,50 por hora cortando tabaco, então isso aqui, os filmes, são a cereja do bolo para mim — disse Clooney, que estreou como diretor em “Confissões de uma mente perigosa” (2002).

“Wolfs” começa com um incidente envolvendo uma procuradora do governo (Amy Ryan) e rapidamente se transforma em uma corrida fora de controle pelo submundo de Nova York. À frente de alguns sucessos recentes da Marvel, como “Homem-Aranha — Sem volta para casa” (2021), Jon Watts voltará como diretor de uma nova sequência para os dois “faxineiros” do crime vividos pela dupla, que tem o tom das missões impossíveis de “Onze homens e um segredo”.

— A ideia por trás do roteiro era muito divertida. Poderíamos aproveitar a experiência que tínhamos, eu e George, no passado — comentou Pitt, que surgiu no cinema em “Thelma e Louise”, de Riddley Scott (1991). — Além disso, trabalhar com pessoas de quem gosto está se tornando cada vez mais importante para mim.

— É raro, hoje tem dia, que o primeiro rascunho de um roteiro seja excelente — acrescentou Clooney. Lemos a primeira versão da trama sem ainda saber qual de nós interpretaria cada um dos personagens. A sequência de abertura é como uma peça de teatro, de ritmo acelerado, e a troca de piadas entre nós nos parecia simples, nada cansativo.

O longa tem previsão de chegar aos cinemas em 20 de setembro.