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Como manter os lanches escolares quentes (ou frios) e outras dúvidas sobre segurança alimentar

Mantenha as crianças seguras de intoxicações alimentares com algumas considerações simples

Agência O Globo - 01/09/2024
Como manter os lanches escolares quentes (ou frios) e outras dúvidas sobre segurança alimentar
Como manter os lanches escolares quentes (ou frios) - Foto: Reprodução

A linguagem do amor ao preparar o almoço escolar está estranhamente em desacordo com as regras de segurança alimentar.

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O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos prefere que não deixemos nada perecível fora da geladeira por mais de duas horas, ou uma hora em dias quentes (e quanto a um sanduíche de mortadela jogado em uma lancheira fora de uma sala de aula por mais de quatro horas?). Dizem para tomar cuidados extras com os itens especialmente arriscados (como carnes frias e frutas pré-cortadas) e os especialmente vulneráveis (incluindo crianças pequenas, especialmente aquelas com menos de 5 anos).

Felizmente, estamos em uma era de ouro de inspiração para refeições e equipamentos, e existem maneiras simples e baratas de manter as marmitas seguras até o horário da refeição.

Como manter os alimentos seguros?

Não introduza bactérias indesejadas logo no começo, diz Britanny Saunier, diretora executiva da Partnership for Food Safety Education. Lave suas mãos, a lancheira e outros recipientes com sabão, e enxágue frutas e vegetais frescos (mesmo os com cascas que não serão comidas, como laranjas) sob água corrente. Seque tudo bem, e as bactérias não terão a umidade necessária para sobreviver.

Não reaproveite alimentos do dia anterior, por mais tentador que possa ser quando a maior parte da comida volta para casa intocada.

A autora de livros de culinária japonesa Namiko Hirasawa Chen recomenda práticas que há muito são usadas para manter os bentôs (as marmitas deles) seguros no Japão, incluindo o uso de ingredientes com propriedades antibacterianas, como umeboshi (ameixas em conserva), gengibre, e alho, e temperar com mais molho shoyu, ou sal do que o habitual para ajudar a preservar a comida.

E, claro, separe os alimentos frios para manterem-se frios e os alimentos quentes para manterem-se quentes.

Quais são as melhores maneiras de manter os lanches frescos?

Saunier recomenda colocar alimentos frios em uma lancheira isolada com dois (sim, dois) pacotes de gelo. Garrafas de água congeladas, caixas de suco ou outros líquidos também podem substituir um pacote de gelo. Quando Chen cresceu no Japão, sua mãe usava chá congelado em uma garrafa plástica para manter sua marmita fresca.

Como manter os alimentos quentes?

Aproveite seu recipiente térmico. Saunier recomenda encher o pote ou garrafa com água fervente e deixá-lo descansar por alguns minutos antes de esvaziá-lo e preenchê-lo com comida quente.

Também é importante avisar as crianças para não abrirem o recipiente antes da hora de comer.

— Uma vez que a tampa é aberta, o calor é perdido e pode não durar até a hora do almoço —diz a nutricionista Katie Sullivan Morford.

Quando era criança, meus almoços não tinham gelo. Por que nunca adoeci?

A resposta curta é: talvez você tenha. Os sintomas de intoxicação alimentar podem levar vários dias para surgir, explica Saunier. As crianças, em particular, têm sistemas imunológicos menos desenvolvidos e são mais vulneráveis a doenças causadas por alimentos.

— Só porque teve sorte não significa que não vai pegar algo ruim — alerta Morford — É como deixar seu filho andar de bicicleta sem capacete porque ele nunca se acidentou.

Quais são ideias simples de almoços não perecíveis que não precisam de gelo?

Sanduíche de manteiga de amendoim e geleia é uma alternativa rica. A chef vegana Priyanka Naik adiciona sementes de chia ou linhaça para aumentar a proteína.

Outras opções simples para quando esqueceu de congelar os pacotes de gelo: sachês de atum com biscoitos salgados, sanduíches com queijos duros como cheddar ou gruyère e lanches como nozes, sementes, frutas secas e grão-de-bico crocante.

Com uma bolsa de gelo só, os favoritos de Naik são salada de macarrão com vegetais (sem maionese!) e sanduíches prensados. Morford sugere uma espécie de “sundae faça você mesmo”: um recipiente de iogurte grego com baixo teor de açúcar com guloseimas para adicionar por cima, como frutas, granola, coco ralado e até gotas de chocolate.

Como tornar o preparo do almoço menos estressante?

Demandas de trabalho, cuidados pessoais e outros compromissos podem limitar as aspirações de se tornar um esteta do almoço. Com planejamento e preparação simples, os pais podem tornar o processo muitas vezes frustrante das manhãs ocupadas mais eficiente.

Comece com uma lista dividida nas cinco categorias do almoço. Pode seguir a rima das avós: “Vegetal, fruta, principal e algo beliscável. Adicione um docinho para um almoço saudável”. Preencha essas categorias com alimentos que seu filho adora, e isso se tornará sua lista de compras. Não só elimina a adivinhação pela manhã, mas cria uma seleção confiável de opções. Divirta-se com novas combinações.

Dê voz às crianças, sugere Naik. Organize a semana com seu filho, isso pode ajudar a “fazer com que ele sinta que está escolhendo o que vai comer”, aconselha.

E você sempre pode se adiantar. Chen preenche seu freezer com comida caseira, já dividida em porções individuais para marmita, que descongela na geladeira durante a noite. Já Morford gosta de montar os lanches quando já está na cozinha — digamos, esperando o jantar no forno — e faz uma quantidade extra para os almoços do dia seguinte.

— Muitas pessoas não pensam em usar o freezer — avalia Lindsay Livingston, nutricionista em Ohio.

Se seu filho prefere alimentos quentes como massa ou arroz em um pote térmico, divida o que estiver pronto em porções e congele separadamente. Reaqueça a porção pela manhã no micro-ondas por 90 segundos em potência máxima, adicionando uma colher de sopa de água por porção.

— Isso envolve virtualmente nenhum trabalho extra — afirma a especialista. — Parte disso também é gerenciar as expectativas: almoços não precisam ser as refeições perfeitas que vemos no Instagram para serem saborosos, nutritivos e seguros para comer.

Adicione um toque especial próprio

Se cozinhar pode ser visto como uma expressão de amor, preparar o almoço conta? Considere a cultura do bentô asiático, em que as famílias equilibram sabor, textura e cor para montar criações comestíveis (e mais fáceis do que pensa) como um polvo de salsicha, coelhinhos de maçã e bolinhos de arroz em forma de pandas. Alguns podem considerar isso excessivamente complicado, mas também pode ser um método de transmitir amor, saúde e alegria.

— No Japão, as pessoas podem não ser tão diretas — explica Aya Horikoshi, uma advogada de Manhattan que cresceu perto de Tóquio — O bentô é um lugar que mostra o quanto você realmente se importa.