Internacional
Um dia após ser presa com o filho, jornalista venezuelana é libertada, mas sob medidas de restrição
Carmela Longo foi levada por agentes em casa no domingo e acusada formalmente de terrorismo e incitação ao ódio

Um dia depois de ser presa em casa, ao lado do filho, a jornalista venezuelana Carmela Longo foi libertada pela Justiça, mas responderá a acusações de terrorismo e incitação ao ódio, e será impedida de sair do país por tempo indeterminado. A detenção ocorreu em meio ao aumento da repressão do governo de Nicolás Maduro a questionamentos sobre o resultado da eleição presidencial de 28 de julho, cuja vitória do atual presidente não foi reconhecida por boa parte da comunidade internacional.
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"Libertada a jornalista Carmela Longo. Foi apresentada em audiência telemática na manhã deste 265 de agosto acusada de terrorismo e incitação ao ódio", afirmou na rede social X o Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa (SNTP) da Venezuela. "Está proibida de sair do país, submetida ao regime de apresentação [periódica] e proibida de declarar e escrever sobre seu caso".
O filho da jornalista foi liberado na noite de domingo, após prestar depoimento. Já Carmela passou a noite na sede da Diretoria de Investigação, em um distrito de Caracas, e foi liberada após ouvir as acusações e se comprometer a comparecer regularmente à Justiça, a não sair do país e a não escrever ou prestar declarações sobre o processo.
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Especializada na cobertura de entretenimento, Carmela Longo foi presa no domingo em casa, na capital venezuelana, e levada por agentes de polícia ao lado do filho em uma viatura. Investigadores também realizaram uma operação de busca na residência e um vídeo obtido pelo SNTP os mostra deixando o local com equipamentos eletrônicos.
A detenção ocorreu dias após a profissional comunicar sua demissão do jornal Últimas Notícias, no qual trabalhou por quase duas décadas, e que tem uma linha editorial ligada ao chavismo. Além dela, dezenas de jornalistas e trabalhadores do setor foram demitidos desde a eleição presidencial do dia 28 de julho, em boa parte por causa de demonstrações de apoio à oposição em redes sociais.
De acordo com o SNTP, a prisão de Carmela Longo foi a sétima de um jornalista nas últimas semanas, e serve como um termômetro do aumento da repressão do governo Maduro a vozes dissonantes. Os protestos desencadeados pelo anúncio da vitória de Maduro no mês passado deixaram 27 mortos, cerca de 200 feridos e mais de 2,4 mil detidos. Outra medida foi o bloqueio temporário do X no país: segundo Maduro, a plataforma está sendo usada para lançar “campanhas de ódio” na Venezuela.
Segundo lideranças oposicionistas, usando como base atas eleitorais obtidas de forma extraoficial, o ex-diplomata Edmundo González venceu a disputa com mais de 60% dos votos — pelos números do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o atual presidente foi reeleito com 52%. Na quinta-feira, o Tribunal Superior de Justiça, controlado pelos chavistas, confirmou os resultados apresentados pelo CNE, em uma decisão que não permite recurso.
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Nesta segunda-feira, González não compareceu a uma audiência convocada pelo Ministério Público, parte de uma investigação por supostos crimes como "usurpação de funções" e "falsificação de documento público" após denunciar fraude na votação presidencial. O procurador-geral da República, Tarek William Saab, emitiu uma nova convocação, para a manhã desta terça-feira, deixando no ar a possibilidade de emitir um mandado de prisão contra o opositor.
No domingo, em mensagem publicada em redes sociais, González afirmou que Saab "tem se comportado reiteradamente como um acusador político" e que o Ministério Público pretende submetê-lo "a uma entrevista sem especificar em que condição devo comparecer (acusado, testemunha ou especialista) e com a pré-qualificação de crimes não cometidos".
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