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'Um pequeno Costa Concordia': corpos estão presos dentro dos destroços do superiate de luxo a 50 metros de profundidade na Itália

Agentes dos bombeiros contaram bastidores da operação: o acesso ao interior está sendo dificultado por móveis e fios elétricos, e mergulhadores podem permanecer debaixo d’água por no máximo 12 minutos

Agência O Globo - 20/08/2024
'Um pequeno Costa Concordia': corpos estão presos dentro dos destroços do superiate de luxo a 50 metros de profundidade na Itália
'Um pequeno Costa Concordia': corpos estão presos dentro dos destroços do superiate de luxo a 50 metros de profundidade na Itália - Foto: Reprodução/internet

Autoridades, bombeiros e mergulhadores retomaram as operações de buscas pelos corpos de seis desaparecidos após o naufrágio de um superiate de luxo na costa da Sicília, na Itália. Segundo os agentes, os corpos estão presos nos destroços do veleiro, a pelo menos 50 metros de profundidade, e o acesso ao interior está sendo dificultado por móveis e fios elétricos.

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Ainda na tarde desta segunda-feira, o corpo do cozinheiro Ricardo Tomas foi recuperado, mas a equipe de mergulhadores não conseguiu passar da ponte de comando. Segundo o chefe do Corpo de Bombeiros afirmou ao Corriere Della Sera, o acidente é um pequeno Costa Concordia — em referência ao navio que naufragou na itália após um enorme rasgo no casco da embarcação, que se aproximou demais de rochas na costa.

— Dentro do veleiro os espaços são muito limitados e se encontrar algum obstáculo é muito difícil avançar, assim como é muito difícil encontrar rotas alternativas — explica o chefe de comunicação de emergência do comando geral do Corpo de Bombeiros, Luca Cari.

As equipes de mergulhadores são compostas por duplas, que podem permanecer debaixo d’água por no máximo 12 minutos, sendo que dois são usados para descer e subir. Portanto, o tempo útil de buscas é de até 10 minutos na embarcação. Os mergulhadores conseguiram inspecionar apenas a ponte de comando do Bayesian, “que está cheia de cabos elétricos” e sem corpos.

Os bombeiros entraram no veleiro por uma escada e chegaram ao salão. Agora eles buscam a melhor rota para acessar as outras divisões do barco em segurança. — Identificamos uma janela de vidro pela qual poderíamos passar. Mas está fechado por dentro e tem 3 centímetros de espessura, então devemos conseguir retirá-lo e depois avançar melhor por dentro — disse Cari à Ansa.

Segundo o que foi confirmado pelo chefe da protecção civil regional, Salvo Cocina, os seis desaparecidos no naufrágio são dois cidadãos norte-americanos e quatro cidadãos ingleses. Eles são o magnata britânico Mike Lynch , sua filha Hannah, de dezoito anos, o presidente do Morgan Stanley International Jonathan Bloomer com sua esposa e o advogado de Lynch, Chris Morvillo, com sua esposa Nada.

A tromba d’água

Segundo as investigações preliminares, o superiate pode ter sido atingido pela chamada tromba d’água, formada a partir de uma forte instabilidade atmosférica, com uma camada de ar mais frio que fica por cima de uma camada de ar mais quente e húmido , como acontece com as células de tempestade.

Movimentos verticais fazem com que o vento circule em forma de vórtice, com uma depressão profunda no centro da coluna e ventos de até centenas de quilômetros por hora nas bordas.

A duração do fenômeno pode ser de alguns minutos e afetar uma área com diâmetro de algumas centenas de metros. As trombas d'água raramente alcançam a costa, onde desaparecem rapidamente.

O naufrágio

Tudo indica que os turistas estavam dormindo em suas cabines quando o iate foi atingido por uma tromba d’água, por volta das 5h da manhã. A situação piorou em poucos minutos, o mastro do veleiro, de 75 metros de altura, quebrou, e as fortes rajadas de vento fizeram o veleiro tombar para o lado. O barco ainda chegou a levantar novamente antes de afundar.

Entre as pessoas que estavam a bordo no momento da tragédia, algumas conseguiram subir ao convés, outras se encontraram na água em muito pouco tempo e não souberam explicar como conseguiram se salvar.