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Igreja inglesa pede desculpas por oferta de R$ 1,2 milhão para 'silêncio' de padre suspeito de pedofilia

Andrew Hindley exerceu funções de padre até 2021, apesar de ser acusado de representar riscos para crianças

Agência O Globo - 13/08/2024
Igreja inglesa pede desculpas por oferta de R$ 1,2 milhão para 'silêncio' de padre suspeito de pedofilia
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Igreja Anglicana pediu desculpas, nesta terça-feira,13, pela gestão no caso de um padre do noroeste da Inglaterra suspeito de representar riscos para crianças, a quem teria sido oferecida uma quantia significativa para abandonar suas funções.

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Acusada de inação em relação à pedofilia dentro do clero, a Igreja da Inglaterra teve que prometer novamente reforçar os seus procedimentos para lidar com tais casos, depois de ter sido questionada por uma investigação da BBC.

Segundo a emissora pública, Andrew Hindley permaneceu como padre em Blackburn de 1991 a 2021, apesar das repetidas acusações sobre sua atitude, amplamente conhecidas dentro da instituição.

A BBC afirmou que o padre recebeu uma oferta de 240 mil libras esterlinas (R$ 1,2 milhão na cotação da época) em 2022 para que ele partisse. Não se sabe o valor exato recebido por razões de confidencialidade.

"Estamos sinceramente arrependidos que os sobreviventes não tenham recebido o apoio necessário", reagiram em comunicado os seus dois mais altos dignitários, os arcebispos de Canterbury, Justin Welby, e de York, Steven Cottrell.

Julian Henderson, ex-arcebispo de Blackburn, disse que o acordo financeiro era "a única opção da igreja" frente a risco que Hindley representava a crianças e pessoas vulneráveis.

"Estamos absolutamente convencidos de que não há lugar no clero para aqueles que representam um risco para os outros", acrescentaram.

A Igreja confirmou que foi paga uma quantia para encerrar uma ação judicial movida pelo padre após sua aposentadoria em 2021.

Hindley afirma ser inocente e se diz vítima de homofobia e vinganças pessoais.

Ele também foi alvo de cinco investigações policiais entre 1991 e 2018, duas delas por agressões sexuais a menores, mas nenhuma levou a acusações formais, recordou a BBC.

O veículo também apurou que a proposta de mais de R$ 1 milhão não foi a única tentativa da igreja de afastar Hindley. Segundo a BBC, ele já tinha recebido outras ofertas, mas "influências e redes" foram usadas para garantir que o padre continuasse na função. Antes, ele tinha sido banido de passeios escolares e visitas a corais e o Arcebispo de Canterbury até considerou fechar a Catedral de Blackburn.