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Rússia abre 400 abrigos temporários pelo país para abrigar milhares de deslocados após invasão ucraniana em Kursk

Governador interino da região afirma que cerca de 121 mil pessoas deixaram suas residências desde o início da incursão de Kiev, há uma semana

Agência O Globo - 13/08/2024
Rússia abre 400 abrigos temporários pelo país para abrigar milhares de deslocados após invasão ucraniana em Kursk

As autoridades russas informaram nesta terça-feira que abriram 400 abrigos temporários pelo país para abrigar 30 mil pessoas deslocadas, segundo a rede BBC, devido à invasão das tropas ucranianas na região russa de Kursk — ação que, de acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aproxima a região da paz. Desde o início da ofensiva de Kiev, há uma semana, cerca de 121 mil pessoas deixaram suas casas, informou o governador Alexei Smirnov na segunda-feira.

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O porta-voz adjunto do Ministério de Emergências russo, Artyom Sharov, informou em entrevista coletiva nesta terça-feira que mais de 2 mil pessoas foram deslocadas dos distritos fronteiriços de Kursk nas últimas 24 horas "por conta própria e em grupos organizados". De acordo com a agência de notícias russa Tass, 8 mil pessoas foram instaladas em acomodações temporárias, incluindo 2,2 mil crianças.

Pela primeira vez, moradores do distrito de Bolshesoldatsky começaram a deixar suas casas, embora o chefe regional, Vladimir Zaitsev, tenha afirmado que não havia pedidos para deslocamento em sua região até segunda-feira. No distrito de Belovsky, as autoridades ampliaram seus esforços para deslocamento, descrevendo a situação como "muito grave", e Smirnov ordenou que o processo fosse acelerado.

"Instruí o chefe do distrito de Belovsky a acelerar a implementação da decisão do quartel-general operacional sobre o deslocamento", escreveu o governador interino no Telegram, no sábado.

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Em um pronunciamento nesta terça-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a ofensiva ucraniana em Kursk aproxima a região da paz ao pressionar Moscou a negociar. As autoridades ucranianas descartaram o interesse em anexar a região, reforçando que Kursk tem apenas função tática.

Em junho, o presidente russo, Vladimir Putin, mencionou que estaria pronto para negociar o fim da guerra, que já dura mais de dois anos, se Kiev retirasse suas tropas das quatro regiões do país que foram parcialmente anexadas por Moscou, entre outras condições.

De acordo com uma análise realizada pela AFP com base em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), a Ucrânia controlava 800 km² do território de Kursk até a noite de segunda-feira — perto dos 1 mil km² anunciados pelo ministro da Defesa ucraniano, Oleksandr Syrsky.

O líder ucraniano, que falou sobre a incursão pela primeira vez no sábado, também destacou que a ação, considerada a maior ofensiva de um Exército estrangeiro em território russo, estava "retornando [a guerra] à Rússia".

Apesar da fala de Zelensky, as autoridades russas parecem caminhar na direção oposta, prometendo retaliação e descartando quaisquer resoluções por vias diplomáticas. Ainda na segunda-feira, Putin disse que ordenou ao exército que "expulse" as tropas ucranianas. Em um balanço das autoridades russas, citados pela Tass, o Exército ucraniano perdeu mais de 2 mil militares nos últimos dias da operação. (Com AFP)