A Globo apresentou ontem o protótipo com as novas possibilidades da futura TV 3.0, que vai permitir uma experiência inédita, mais interativa e com melhor qualidade de som e imagem, mantendo a gratuidade da televisão aberta.

Raymundo Barros, presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) e diretor de Estratégia e Tecnologia da Globo, disse que o setor espera que o decreto que estabelece seu lançamento seja publicado até o fim deste ano.

A versão 3.0 da televisão digital vai permitir, através da conexão à internet, que o usuário participe de enquetes, votações e chats durante a exibição de novelas, programas e competições esportivas usando o controle remoto. Será possível ainda acessar funções especiais para comprar produtos exibidos na tela e enviar reações ao conteúdo, como ocorre nas redes sociais.

No caso dos Jogos Olímpicos, por exemplo, será possível ler reportagens sobre a modalidade exibida na tela e até ver o quadro de medalhas em tempo real.

Novas funções

A nova TV também vai permitir, de forma fluida, a integração com o streaming. Por exemplo, ao assistir a determinado programa na Globo, o usuário poderá verificar mais sugestões de conteúdo no Globoplay. Não será necessário ter acesso à internet para assistir à TV 3.0, mas com a web é possível acessar mais recursos.

Em ambos os casos, será possível assistir transmissões com resolução de até 8K, o dobro do atual 4K, e personalizar o áudio, isolando determinados ambientes como o barulho do público em um estádio, além de informações como horário, local e sobre a programação.

— Queremos que os televisores em TV 3.0 funcionem como um grande smartphone pregado na parede. Ligou, ele está pronto. Estamos tendo uma discussão dentro do Fórum sobre a questão das antenas, que podem vir incorporadas na TV ou junto com a caixa da televisão. Isso envolve discussões com os fabricantes — afirma Barros.

Ontem, a Globo exibiu as novas funções que estão sendo desenvolvidas com diversos parceiros, como Samsung, LG, Hisense e Intel, além de produtores de conversores. Na prática, cada canal vai aparecer nos novos televisores como um aplicativo, semelhante ao que ocorre com os canais de streaming. O SBTVD é composto por integrantes das emissoras de TV, fabricantes de equipamentos de recepção, transmissão e indústrias de software, além de representantes do governo e entidades de ensino e pesquisa.

Barros detalhou a expectativa de lançamento da TV 3.0:

— Temos o entendimento comum (no Fórum) de que o decreto da TV 3.0, que estabelece o processo de lançamento, saia até o fim deste ano. E aí o Ministério (das Comunicações) vai se posicionar com a recomendação do padrão tecnológico que já foi feita pelo Fórum. O decreto vai estabelecer como a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) será capaz de fazer o planejamento para que as emissoras consigam ter acesso a um novo espectro para começar as operações em TV 3.0, com as alternativas de faixas adicionais para a transição da 2.0 para a 3.0.

A partir disso, a Anatel vai dar as permissões para que as emissoras comecem a instalar as estações pelo país, em processo semelhante ao que ocorreu com a TV digital 2.0. O governo sinalizou recentemente que espera transmissões experimentais ao longo de 2025, com a TV 3.0 operando já durante a Copa do Mundo em 2026.

— A Globo tem a expectativa de que já no próximo ano tenhamos uma estação piloto no Rio ou em São Paulo, ou nas duas cidades, mas dependemos desse caminho regulatório. Há uma oportunidade de tornar a relação com o consumidor mais digital, interativa, e pessoal e, a partir daí, ter modelos de negócios tipicamente digitais que serão capazes de gerar receitas adicionais. Existe uma grande confiança de que a TV 3.0 insere a radiodifusão definitivamente na economia digital — afirmou Barros.

Além de atributos como 8K e som imersivo, Barros destacou a digitalização da relação entre os radiodifusores e seus consumidores. A TV 3.0 tem tecnologia para reconhecer individualmente cada usuário.

— A TV 3.0 vai tornar a relação personalizada e capaz de gerar interação. Com isso, vamos prover experiências de consumo cada vez mais personalizadas, sem abrir mão dos conteúdos que têm apelo massivo. A TV digital na versão 3.0 não abre mão de mídia de massa, mas cria espaço que pode e será ocupado por pequenos e médios empreendedores.