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Caetano e os evangélicos: em show com Bethânia, cantor surpreende com hit gospel; entenda relação com religião
Músico baiano cantou 'Deus cuide de mim', do pastor Kleber Lucas, e falou sobre o crescimento da população evangélica no país: 'tem imensa importância pra mim'
Na noite de sábado (3), os irmãos Maria Bethânia e Caetano Veloso finalmente estrearam, no Rio de Janeiro, sua aguardada turnê conjunta, que vai rodar o Brasil após a pequena temporada carioca. Diante de uma plateia lotada na Farmasi Arena, na Barra, a dupla enfileirou sucessos como "Alegria, alegria", "Gente", "Oração ao tempo", "Vaca profana" e Reconvexo" — a maioria do repertório de Caetano.
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Mas houve também momentos mais inesperados: antes de cantarem "Fé", de Iza (com direito a sonoro coro do público nos versos “fé pra enfrentar esses filhos da puta!”), o baiano defendeu, na parte solo de seu show, o hit gospel “Deus cuide de mim”, do pastor Kleber Lucas. Antes de anunciar a canção, Caetano celebrou o enorme crescimento do números de evangélicos no Brasil: "é uma coisa que tem imensa importância para mim, o que causou certa surpresa entre os fãs do artista, que já se declarou ateu.
Ou talvez nem tanta surpresa assim. Lançada originalmente em 1999, a canção do pastor fluminense e um de seus maiores sucessos — uma espécie de hino gospel, que aparece frequentemente entre os louvores nas igrejas das periferias do país — foi regravada em 2022 pela dupla. Seus dois filhos caçulas, Tom e Zeca, são adeptos da religião, e frequentavam a Igreja Universal.
Fenômeno gospel
O encontro entre Caetano Veloso, de 81 anos, e Kleber Lucas, de 56 anos, se deu em meio a um período de imensa polarização política no Brasil, às vésperas da reeleição do presidente Lula. Enquanto a esmagadora parcela de evangélicos no Brasil pende para uma direita conservadora, o pastor batista foi uma das raras vozes no meio contra o governo Bolsonaro. Intelectual articulado e fenômeno da música gospel, o vencedor do Grammy de melhor álbum de música cristã em língua portuguesa se converteu ao neopentecostalismo aos 17, antes de migrar para a igreja batista.
Artigo: Caetano Veloso, Bob Dylan e o poder do gospel
Caetano, por outro lado, sempre viu a ascensão do movimento evangélico no Brasil como um fenômeno complexo e ambíguo, nunca como algo negativo, e criticou o que já chamou de “preconceito pseudochique” contra a crença. "Não está vendo o Brasil quem despreza os pentecostais e neopentecostais, que são maioria entre os pobres e pretos, sobretudo entre pretas pobres, e produzem o gênero musical mais buscado depois do chamado sertanejo", declarou, à época.
Caetano tinha razão: os evangélicos já somam 70 milhões de brasileiros atualmente. De acordo com o último censo do IBGE, de 2000 a 2010, o número no país cresceu 61%. Na música, o gospel estava entre os 25 gêneros de música mais escutados no Spotify no Brasil em 2022. Além disso, existem as celebridades do meio gospel que já ultrapassaram a barreira do nicho, como Aline Barros, Bruna Karla e Priscila Alcântara.
Filhos evangélicos
Apesar da origem cristã (Dona Canô, mãe do artista, organizava novenas e só dormia depois de rezar) , Caetano, ateu convicto até pouco tempo atrás, chegou a se autoproclamar "antirreligioso" durante a juventude. Se aproximou do candomblé em Salvador, mas não quis se aprofundar. à época da gravação do single com Kleber Lucas, se declarou um "católico de axé, pós-ateu".
Seus filhos, por outro lado, sempre tiveram uma relação mais próxima com a religião. Moreno, o primogênito, de 51 anos, fruto do relacionamento com Dedé Gadelha, é católico, do candomblé, que atrai-se pelo hinduísmo. Um "religioso de modo alargado", como já descreveu Caetano. Já Zeca (32) e Tom Veloso (27), filhos do artista com a atriz Paula Lavigne, são evangélicos desde a infância, e já fizeram parte da Igreja Universal.
Em uma entrevista ao amigo Nelson Motta em 2021, o músico baiano comentou sobre a fé da prole: "Minha geração teve que romper com a religiosidade imposta, a deles teve que recuperar a religiosidade perdida", declarou.
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