Política

Demora de Paes para escolher vice já é maior do que nas três últimas vezes em que ele concorreu a prefeito

Desde que venceu pela primeira vez, a decisão deste ano é a mais importante por ser considerada uma ‘sucessão’ direta no cargo

Agência O Globo - 01/08/2024
Demora de Paes para escolher vice já é maior do que nas três últimas vezes em que ele concorreu a prefeito
Eduardo Paes - Foto: Reprodução / internet

A quatro dias do fim do período de convenções partidárias, a escolha do vice do prefeito Eduardo Paes (PSD) já é a mais demorada das últimas três eleições municipais que ele disputou. A única vez em que Paes definiu o companheiro de chapa depois do equivalente ao atual momento de pré-campanha foi em 2008, quando concorreu pela primeira vez à prefeitura e conquistou a vitória tendo Carlos Alberto Muniz (MDB) como vice. Em nenhuma delas o processo de definição envolvia o cálculo político de agora — que, na prática, significa forjar o possível sucessor do Palácio da Cidade.

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Já à frente do município e candidato à reeleição em 2012, Paes desfrutava de alta aprovação e, em acordo com o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acertou ainda em 2011 o nome do então vereador Adilson Pires como vice. Era um marco da parceria com o chefe do Planalto, outrora chamado por ele de “chefe da quadrilha” durante a CPI dos Correios, e também uma forma de neutralizar o principal adversário na disputa que se avizinhava, o esquerdista Marcelo Freixo (hoje no PT, à época no PSOL).

Para este ano, Pires voltou a ser sugerido ao prefeito como opção petista, mas Paes se mostrou irredutível quanto à formação de uma chapa puro-sangue do PSD, que tende a ser completada pelo deputado federal Pedro Paulo ou o estadual Eduardo Cavaliere. O martelo será batido nos próximos dias, e o processo decisório tem sido considerado um dos mais difíceis de toda a carreira política do prefeito.

Em 2020, de novo o vice se deu num contexto de composição com partidos aliados, mas mais à direita. Nilton Caldeira, do PL, foi definido a sete dias do fim das convenções. À época, o partido ainda não era a casa de Jair Bolsonaro, e sim mais um de centro-direita a integrar o Centrão.

A escolha por Muniz em 2008 foi a que mais destoou, mas também teve seus sentidos. Quadro histórico do antigo PMDB, o político que acumularia na prefeitura a secretaria de Meio Ambiente dava a Paes, recém chegado na sigla, um estofo que não tinha na casa nova. Ele havia saído do PSDB e ingressado nas fileiras da legenda por articulação do então governador Sérgio Cabral.

Definição

Interlocutores do prefeito acreditam que a confirmação do escolhido para este ano deve se dar até o fim de semana. Na convenção realizada no dia 20 de julho, o PSD oficializou a candidatura de Paes à reeleição, mas deixou em aberto o nome do vice. Apesar de o evento já ter sido feito, o documento final do partido a ser enviado para a Justiça Eleitoral precisa ficar pronto antes do dia 5. As candidaturas podem ser registradas até o dia 15, mas esses dez dias servem apenas para trâmites burocráticos.

Mesmo antes do período oficial de campanha, que só começa no dia 16, a semana que vem marca uma espécie de início informal da jornada eleitoral. Já na segunda-feira, 5, Paes será sabatinado pelo portal g1. Na quinta-feira, 8, ocorre o primeiro debate da eleição, realizado pela TV Band.

Apesar de outros nomes do próprio PSD terem sido citados como opções nos últimos meses, a lista foi afunilando até chegar a Pedro Paulo, que sempre despontou como favorito, e Cavaliere. Apesar da predileção — nunca escondida — pelo deputado federal que é seu principal aliado na política, os episódios de desgaste político envolvendo Pedro fizeram Cavaliere crescer nas bolsas de apostas nas últimas semanas.