Internacional
Territórios palestinos reagem com comoção e revolta à morte de Ismail Haniyeh, líder do Hamas
Analistas apontam que assassinato do chefe político palestino em ataque aéreo demonstra capacidade operacional de Israel em solo iraniano

A morte do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um bombardeio aéreo em Teerã, provocou uma onda de comoção e choque nos territórios palestinos, à medida que questionamentos sobre a capacidade do principal país do Eixo da Resistência de proteger seus aliados e sobre as falhas de segurança em meio à posse de seu novo presidente começam a pressionar o regime iraniano.
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— A morte de Ismail Haniyeh no Irã mostra que nós, o povo palestino, não temos protetor, que o nosso sangue é barato e que a nação árabe e islâmica nos vendeu aos Estados Unidos e a Israel — disse Hosam Abdel Razek, de 45 anos, funcionário de uma instituição privada em Ramallah, na Cisjordânia.
O Hamas e a Guarda Revolucionária do Irã anunciaram a morte de Haniyeh na madrugada desta quarta-feira, em uma residência no norte da capital iraniana. O líder do grupo palestino que governa Gaza — considerado terrorista por EUA e Israel — estava no país para a posse do novo presidente iraniano, Masud Pezeshkian, na terça-feira.
— Esta notícia é algo inacreditável — afirmou Wael Qudayh, de 35 anos, residente de Deir al Balah, na região central da Faixa de Gaza.
Facções palestinas convocaram uma greve geral e marchas pela Cisjordânia nesta quarta-feira para protestar contra a morte de Haniyeh. Jornalistas da AFP em Ramallah viram funcionários deixando edifícios governamentais em resposta ao apelo à greve, bem como centenas de pessoas marchando com bandeiras pelas ruas da cidade.
Vários palestinos na Faixa de Gaza disseram que Haniyeh alcançou o “martírio” devido à forma como foi morto.
— Isso é o que todo palestino espera... obter o martírio enquanto defende sua terra, seu povo e sua santidade — disse Muhammad Farwana, de 38 anos, na cidade de Khan Yunis, no sul do país. — Haniyeh foi alguém que enviou seus filhos e netos pelo mesmo caminho.
Analistas apontam que o assassinato do líder do Hamas em Teerã gera um constrangimento para o país que lidera o Eixo da Resistência, sobretudo em que o momento a segurança deveria ter sido reforçada em razão da posse presidencial, com a presença de vários representantes estrangeiros.
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— Que os iranianos não tenham conseguido impedir esse assassinato é muito embaraçoso para o Irã — disse Agnes Levallois, vice-presidente do Instituto de Pesquisa e Estudos para o Mediterrâneo e Oriente Médio (IREMMO), sediado em Paris.
A análise parece refletir o pensamento de parte dos palestinos em Gaza. Em uma entrevista a AFP, um morador de Deir al-Balah, na região central da Faixa de Gaza, comentou exatamente sobre a situação ter se passado no Irã.
— O Catar conseguiu proteger Haniyeh durante 10 meses, mas o Irã não conseguiu fazer isso nem por algumas horas — disse Yusef Saed, de 40 anos.
Embora Israel não tenha se manifestado oficialmente sobre a morte do líder do Hamas, há muito tempo se acredita que Israel realize operações de sabotagem por meio de sua agência de espionagem Mossad dentro do Irã — algo que as autoridades em Teerã se recusam a reconhecer. Para analistas, a eliminação do líder do Hamas comprova a capacidade operacional.
— Sabemos que os israelenses têm espiões e, portanto, inteligência no Irã — disse Levallois. — Este assassinato mostra que todo o sistema de inteligência israelense é muito bem desenvolvido para ter todas as informações e, portanto, permitir o lançamento deste tipo de operação.
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Em outros casos atribuídos a Israel — cujo governo não costuma se manifestar sobre — indicam atuações em território iraniano. Veículos de imprensa locais afirmam que o Estado judeu estaria por trás da morte do número dois da Al-Qaeda Abdullah Ahmed Abdullah, conhecido como Abu Muhammad al-Masri, morto a tiros em Teerã por dois assassinos em uma motocicleta em agosto de 2020.
— Esta é uma confirmação de algo que todos nós sabemos há muito tempo: a profunda extensão da penetração dos serviços de segurança iranianos por Israel — disse Arash Azizi, professor sênior da Universidade Clemson, nos Estados Unidos. (Com AFP)
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