Internacional

Chavismo e oposição venezuelana convocam protestos em todo o país após vitória de Maduro; líder opositor é preso

Resultado da eleição de domingo tem sido contestado dentro e fora da Venezuela em meio a acusações de falta de transparência e fraude

Agência O Globo - 30/07/2024
Chavismo e oposição venezuelana convocam protestos em todo o país após vitória de Maduro; líder opositor é preso
Chavismo e oposição venezuelana convocam protestos em todo o país após vitória de Maduro; líder opositor é preso - Foto: Reprodução / internet

As ruas de Caracas e de outras grandes cidades venezuelanas serão palco nesta terça-feira de novos protestos contra os resultados contestados da eleição presidencial de domingo, que deu a vitória a Nicolas Maduro em meio a acusações de falta de transparência e fraude. No entanto, o chavismo também convocou seus partidários a saírem às ruas, o que aumentará a tensão do dia.

A líder da oposição, María Corina Machado, convocou assembleias de cidadãos em todo o país a partir das 11h (12h em Brasília) para “defender civicamente a vitória de Edmundo González Urrutia”, o candidato da oposição que alega ter vencido a eleição com mais de 70% dos votos. A manifestação central ocorrerá em frente à sede das Nações Unidas.

O chavismo, por sua vez, também convocou a população para ir às ruas. O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, instou os membros do Partido Socialista da Venezuela (PSUV) a se mobilizarem em Caracas em apoio a Maduro e em “defesa da paz”. Rodríguez incentivou as marchas a serem repetidas em todas as cidades do país.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou Nicolás Maduro vencedor da eleição presidencial com 51,2% dos votos contra 44,2% do oposicionista Edmundo González Urrutia. A autoridade eleitoral, controlada pelo chavismo, calculou que o comparecimento às urnas foi de 59%, com 80% dos votos apurados, e descreveu a tendência como “irreversível”.

Maduro defendeu sua vitória, enquanto a oposição, liderada por María Corina Machado, rejeitou o resultado, alegando que seu bloco recebeu 73,2% dos votos.

— É um ultraje à verdade — María Corina, denunciando irregularidades na transmissão das cédulas,

O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou o governo de Maduro a contar os votos “com total transparência” e a liderança política a agir “com moderação”. O Brasil, a maior democracia da América Latina, solicitou, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, a publicação das apurações para dar “transparência e legitimidade” à contagem dos votos. O Centro Carter, que atuou como observador internacional, pediu ao CNE na segunda-feira que publicasse “imediatamente” os registros eleitorais. Estados Unidos e Chile também questionaram os resultados. Já a China e o Irã aplaudiram a “realização bem-sucedida” das eleições.

Enquanto isso, os protestos de cidadãos insatisfeitos com a proclamação do novo presidente se intensificaram no país e, em algumas partes de Caracas, foram enfrentados por forças policiais e coletivos pró-Chávez. A repressão deixou pelo menos dois mortos e 46 presos.

O líder opositor Freddy Superlano foi detido nesta terça-feira pelas autoridades venezuelanas, segundo seu partido, Voluntad Popular (VP), que alertou para uma “escalada da repressão” em meio aos protestos contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro.

“Devemos denunciar responsavelmente ao país que há poucos minutos nosso coordenador político nacional Freddy Superlano foi sequestrado”, disse o partido VP no X, que acompanhou a mensagem com um vídeo no qual se pode ver o momento em que ele é levado por funcionários vestidos de preto.