Geral

No Dia da Mulher Negra, entenda as origens da data e conheça a história de Tereza de Benguela

As origens de 25 de julho remetem ao 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, em 1992. No Brasil, a partir de 2014, a data passou a homenagear Tereza de Benguela, que liderou o Quilombo Quariterê, em Mato Grosso

Agência O Globo - 25/07/2024
No Dia da Mulher Negra, entenda as origens da data e conheça a história de Tereza de Benguela
No Dia da Mulher Negra, entenda as origens da data e conheça a história de Tereza de Benguela - Foto: Reprodução / internet

O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado nesta quinta-feira, 25 de julho. No Brasil, é também Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Mais do que um momento para homenagens, esta é uma ocasião para reflexão e mobilização política, que tem como origem décadas de luta e resistência das mulheres negras.

A data foi estabelecida primeiramente em 1992, quando foi realizada, na República Dominicana, uma reunião de mulheres negras de mais de 70 países da região. O encontro aconteceu no contexto de uma grande articulação feminista que se preparava para a participação em conferências que aconteceriam nos anos seguintes: a do Cairo, em 1994, sobre populações em desenvolvimento, e a de Pequim, em 1995, sobre os direitos das mulheres.

A partir da ocasião, 25 de julho foi instituído como Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e a data foi reconhecida também pela Organização das Nações Unidas (ONU). Após o encontro, foi articulada a Rede de Mulheres Negras da região, e também da diáspora, pois mulheres de outros locais reivindicaram participar.

Quem foi Tereza de Benguela

Em 2014, a data foi reforçada quando a então presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que instituiu o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Símbolo de resistência, Tereza viveu no século XVIII, na região do Vale do Guaporé, em Mato Grosso. Vinda de uma dinastia africana, foi escravizada no Brasil e conseguiu fugir com seu companheiro, José Piolho. Após sua morte, ela se tornou líder do Quilombo Quariterê, que abrigava mais de cem pessoas.

Uma das muitas mulheres negras invisibilizadas pela história oficial , Tereza vem ganhando mais notoriedade sobre sua trajetória. Muito do que se sabe sobre Tereza vem através da oralidade, das lembranças que mulheres mais velhas guardaram e transmitiram sobre ela. Como líder, ela cuidava dos doentes e dava abrigo a negros escravizados, indígenas e brancos que cometeram crimes contra a Coroa. Sabe-se que Tereza organizou um sistema parlamentar e resistiu, por cerca de 37 anos.

A Rainha Tereza, como é conhecida, é referência para as mulheres do município de Vila Bela, onde hoje existe o grupo intergeracional de mulheres Coletivo Herdeiras do Quariterê. Duas décadas antes da instituição da data em sua homenagem, ela ganhou destaque ao ser tema do desfile da escola de samba Unidos do Viradouro, no carnaval carioca de 1994, com o enredo: "Tereza de Benguela, uma rainha negra no pantanal". Em 2020, também foi homenageada no enredo da Barroca Zona Sul, no carnaval de São Paulo.