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Abuso de drogas, alcoolismo e violência doméstica: o que conta o filme sobre J.D. Vance, vice escolhido por Donald Trump

'Era uma vez um sonho', que tem direção de Ron Howard, Amy Adams e Glenn Close no elenco, e duas indicações ao Oscar, teve 1000% a mais de visualizações depois de anúncio

Agência O Globo - 17/07/2024
Abuso de drogas, alcoolismo e violência doméstica: o que conta o filme sobre J.D. Vance, vice escolhido por Donald Trump
Donald Trump

Após o anúncio de que J.D. Vance será o candidato a vice-presidente na chapa do Republicano Donald Trump a audiência de "Era uma vez um sonho" aumentou em 1.179% em comparação com o dia anterior, segundo o site site Luminate Data.

O filme "Era uma vez um sonho", baseado no livro de memórias escrito por Vance em 2016, foi assistido por 19,2 milhões de minutos na segunda-feira (15), um salto em relação aos 1,5 milhão de minutos assistidos no domingo, quando os rumores sobre a candidatura de Vance já estavam se espalhando.

O total de segunda-feira equivale a aproximadamente 163.836 visualizações. A Luminate Data divide o número de minutos assistidos pela duração de 117 minutos do filme.

Amy Adams e Glenn Close

Dirigido por Ron Howard, mesmo diretor de "Apollo 13", "O código Da Vinci" e "Uma mente brilhante", "Era uma vez um sonho" foi lançado em 2020, com Gabriel Basso, Amy Adams, Glenn Close e Freida Pinto no elenco. Com lançamento limitado nos cinemas e muitas críticas negativas, o filme foi indicado a dois Oscars: melhor atriz coadjuvante (Close) e melhor maquiagem.

A Variety escreveu que a interpretação de Gabriel Basso como Vance era "tão agradavelmente simpática que o destino de sua alma nunca pareceu estar em jogo. Seu povo pode ser assombrado pelos demônios dos Apalaches, mas ele parece um yuppie cuja vida se resume a: esses demônios vão atrapalhar meu caminho de carreira? Não, se ele não deixar. Isso não é exatamente drama — é uma terapia reconfortante."

Inspiração para o filme, as memórias que Vance lançou em 2016, “Hillbilly elegy”, gerou ampla discussão sobre os motivos que levaram a classe trabalhadora branca a votar em Donald Trump na eleições do mesmo ano. Em meio a um cenário de pobreza, violência, uso de drogas e alcoolismo, o livro exalta o patriotismo e a lealdade da população do Cinturão da Ferrugem (área dos estados de Michigan, Minnesota, Ohio, Iowa, Pensilvânia e Wisconsin, que teve uma grande desenvolvimento industrial no século XX, mas sofre com o declínio econômico e urbano).

Dependência química e reabilitação

O livro entrou para a lista dos mais vendidos do New York Times e inspirou o drama dirigido por Ron Howard. Nascido em 1984 e criado pela família materna da qual adotou o sobrenome (seu nome de batismo é James Donald Bowman), J.D. Vance iniciou o mandato de senador por Ohio em 2023, sem nenhuma experiência política anterior.

Livro e filme mostram uma história de abusos psicológicos e físicos, dependência de drogas e álcool e convivência familiar conflituosa.

A mãe de Vance a quem ele deixou para viver com os avós quando estava no segundo ano do ensino médio, sofria de dependência química e passou por várias internações em clínicas de reabilitação. Bev Vance criou os dois filhos sozinha (J.D. tem uma irmã mais velha, Lindsay), depois de uma série de relacionamentos mal sucedidos, que incluíram violência doméstica.

No livro, Vance conta que a mãe às vezes era abusiva e negligente, mas mostra simpatia pelos abusos que ela sofreu quando criança. Bev teria ameaçado matar a si e ao filho durante uma briga entre os dois no carro. Os avós de Vance também tiveram um relacionamento tumultuado: o avô lutava contra o alcoolismo, e Vance descreve a avó como "violenta". Ele conta que a avó chegou a jogar gasolina no avô e o incendiou.