Esportes
Eurocopa: Como Yamal, Williams e La Fuente evoluíram a identidade resgatada da Espanha, campeã sobre a Inglaterra
Fúria superou caos que marcou boa parte da última década, se reencontrou com conceitos de sua escola e viu Luis de la Fuente dar vazão a talentos diferenciados no tetracampeonato continental

Um tem 22 anos. O outro, mais jovem ainda, apenas 17. Com uma nova geração que tem destaques como Nico Williams e Lamine Yamal, a Espanha construiu uma campanha de futebol envolvente, com sete vitórias em sete jogos nesta Eurocopa. O triunfo derradeiro e decisivo veio ontem, um 2 a 1 emocionante sobre a Inglaterra no Estádio Olímpico de Berlim, na Alemanha. Este foi o quarto título de Euro da Espanha, maior vencedora do torneio.
O jogo: Oyarzabal marca no fim e dá título da Eurocopa à Espanha sobre a Inglaterra
Veja lista: Espanha é tetracampeã e se torna maior vencedora da Eurocopa
—Toda nosso povo precisava. Familiares, torcedores... Me sinto eufórico, muito feliz. Agora vamos pela Copa do Mundo. Ninguém pode nos bater — disse Nico Williams, autor do primeiro gol e atacante do Athletic de Bilbao.
Definir o nome do treinador de uma seleção não é algo fácil. Passa por proposta de jogo, conhecimento da posição e dos atletas e aderência à identidade. Esta Espanha não precisou ir muito longe para encontrar tudo isso em Luis de la Fuente, dono de uma carreira modesta em clubes, mas de currículo vencedor nas categorias de base do país. Mais do que engenheiro do título da Eurocopa, foi dele a decisão de dar vazão ao talento jovem de Yamal e Williams, bem como solucionar uma crise de identidade pela qual a seleção passava há uma década.
Dos 26 convocados pela Espanha para a Euro, apenas dez estavam na Copa do Mundo do Catar, há dois anos, ainda sob o comando de Luis Enrique. Sete (dois em comum) foram a Tóquio um ano antes, na campanha da medalha de prata da equipe sub-23, sob o comando de La Fuente. Ou seja, mais da metade da equipe coroada ontem, na Alemanha, passou por decisões diretas do treinador que assumiu em 2022, logo após a saída de Luis Enrique.
A mais arrojada delas foi dar espaço de titular absoluto para Yamal, convocado pela primeira vez em setembro de 2023, para as eliminatórias desta mesma Euro. O jogador do Barcelona, que completou 17 anos na véspera da decisão e acabou eleito melhor atleta jovem do torneio, é dono de um talento raro e pouquíssimo semelhante ao que se acostumou a ver o torcedor espanhol na escola tática que conquistou duas Euros e um Mundial de 2008 a 2012. É um ponta rápido, incisivo e vertical. Assim como seu companheiro Nico, cinco anos mais velho.
Foi deles o “gol mais jovem” da história das finais do torneio. Yamal, que terminou com um gol e 4 assistências — o melhor do campeonato no fundamento —, entrou na área e acionou Nico, do outro lado, na diagonal, para abrir o placar no começo do segundo tempo.
Contaram com inteligente movimentação de Dani Olmo, outro destaque do time campeão, com três gols e duas assistências. O meia, atleta do Leipzig, ganhou ainda mais importância após a lesão de Pedri nas quartas de final, contra a Alemanha. Em características, junto a Rodri — eleito melhor do torneio —, são os jogadores que mais lembram o controle de posse, ritmo e volume de jogo que a Espanha implementou no início da década passada e que vinha perdendo.
Está aí um dos grandes méritos do trabalho de La Fuente, que já havia sido campeão da Nations League com um esboço da atual equipe: aproveitar o resgate dessa identidade de controle, iniciada por Luis Enrique após anos de caos e de três treinadores diferentes, e aperfeiçoá-la com a verticalidade incisiva de sua dupla de pontas, uma demanda antiga da seleção. A Espanha terminou não só com 100% de aproveitamento, como também dona do melhor ataque (15 gols), terceira equipe que mais ficou com a bola (58,2%), terceira que melhor trocou passes (90,2% de acerto) e a que mais desarmou (88).
Inglaterra amarga jejum
Em sua proposta, a Inglaterra teve chances. Foi dona da melhor oportunidade do primeiro tempo, com Foden. Em decisão ousada do técnico Gareth Southgate, Harry Kane deixou o campo para a entrada de Watkins e Bellingham assumiu o papel de “pivô-armador” da equipe. Foi assim que recebeu de Saka e ajeitou de forma primorosa para Palmer marcar, de fora da área.
Mas não houve tempo nem para sonhar com um possível fim do jejum de títulos inglês, que já dura 58 anos, agora carimbado com dois vice seguidos de Euro. Herói improvável, Oyarzabal, que era um daqueles sete de Tóquio, marcou o gol do título, completando bela jogada de passes verticais. O jogador da Real Sociedad acionou Cucurella na esquerda e correu para finalizar à frente.
Ainda houve tempo para Unai Simón e Olmo salvarem em cima da linha tentativas de Rice e Guéhi. Decretaram a Espanha como a maior campeã europeia (1964, 2008, 2012 e 2024), superando os três títulos da anfitriã Alemanha.
— Esse é provavelmente o o melhor dia da minha carreira. Nos tornamos a seleção mais bem-sucedida da Europa. Fizemos história — resumiu Rodri.
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