Internacional
Primeira expedição ao Titanic após tragédia da OceanGate é feita em busca de registros inéditos do famoso naufrágio
Equipe busca ver a embarcação com 'clareza e precisão nunca antes alcançadas'; empresa ainda prestará homenagem aos mortos no navio e no submersível Titan

Uma equipe de especialistas em imagem, cientistas e historiadores foi mobilizada para realizar mais uma expedição ao Titanic com objetivo de criar o registro fotográfico mais detalhado já feito do naufrágio. A viagem até o famoso navio, que teve início nesta sexta-feira, é a primeira desde a tragédia da OceanGate no ano passado, quando cinco homens morreram a bordo do submersível Titan.
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Desta vez, ROVs (veículos subaquáticos operados remotamente) serão utilizados para inspecionar o local em que a embarcação se encontra. Um serviço memorial conjunto será realizado no mar nos próximos dias em homenagem aos 1,5 mil passageiros e tripulantes que afundaram com o Titanic em 1912, além dos mortos no Titan.
Segundo a BBC, que teve acesso aos membros da expedição em Rhode Island, nos EUA, a equipe contou com tecnologia de ponta para escanear cada pedaço do Titanic, além de obter novos insights sobre o naufrágio.
A nova expedição foi organizada pela RMS Titanic Inc, a empresa americana que possui os direitos exclusivos sobre o resgate de itens do navio — e que até hoje já trouxe cerca de 5,5 mil objetos do naufrágio para a superfície. Conforme o site da companhia, porém, esta última visita busca apenas fazer um reconhecimento mais atual do local (por meio de imagens e escaneamento com novos equipamentos).
Uma das ideias é comparar os novos registros com as imagens feitas em 2010 e determinar o impacto dos oceanos e de outras expedições sobre ele. A equipe também esperava encontrar uma nova marinha até então desconhecida e possíveis novas áreas de deterioração que possam proporcionar acesso desobstruído ao interior do navio.
“A tecnologia está melhorando em um ritmo incrível e somos capazes de fazer mais agora do que há dois anos”, diz a empresa.
Dois veículos robóticos foram usados para mergulhar até o fundo do oceano para capturar milhões de fotografias de alta resolução e criar um modelo 3D de todos os destroços, publicou a BBC. David Gallo, co-líder da expedição, disse ao veículo que desejava “ver o naufrágio com uma clareza e precisão nunca antes alcançadas”. Antes de realizar a missão, Evan Kovacs, responsável pelo programa de imagem, disse que seu sistema pode capturar o Titanic com “perfeição”.
— Se todos os deuses do clima, os deuses dos computadores e os deuses das câmeras se alinharem, devemos ser capazes de capturar o Titanic e o local do naufrágio com a perfeição digital mais próxima possível. Você poderá literalmente contar os grãos de areia — declarou à BBC.
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A equipe deve revisitar o estado de alguns objetos já conhecidos, como as caldeiras que se espalharam quando o navio quebrou ao meio. Há, ainda, o desejo de localizar itens que os exploradores acreditam que já foram avistados anteriormente, como um candelabro e um segundo piano de cauda Steinway. A estrutura de madeira já teria se deteriorado, mas a placa de ferro fundido que segurava as cordas pode ainda estar lá.
‘Objetivo principal é a segurança’
O navio logístico Dino Chouest é a base para as operações no Atlântico Norte — e, se o tempo permitir, deverá passar 20 dias acima do naufrágio, que se encontra a 3,8 mil metros de profundidade.
Com a tragédia da OceanGate ainda recente na memória, a empresa RMS Titanic Inc fez questão de destacar que suas expedições são “profundamente pesquisadas, planejadas e executadas para garantir o maior cuidado e preocupação com a segurança de nossa tripulação, respeito ao Titanic, ao local do naufrágio e ao meio ambiente”.
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Um dos cinco que morreram no submersível Titan foi o francês Paul-Henri Nargeolet. Conhecido como “Sr. Titanic”, ele era considerado o maior estudioso do naufrágio: ao todo, o ex-comandante da Marinha participou de três documentários sobre o assunto e liderou diversas excursões aos destroços do navio. Nargeolet era o diretor de pesquisa da RMS Titanic Inc e deveria comandar a expedição mais recente.
— É difícil, mas o fato sobre a exploração é que há um impulso e uma vontade de continuar. E estamos fazendo isso por causa da paixão que Nargeolet tinha pela exploração contínua — afirmou o amigo e historiador Rory Golden à rede britânica, anunciando que uma placa deverá ser colocada no fundo do mar em homenagem ao francês.
Naufrágio mais famoso da História
Há 112 anos, em abril de 1912, o Titanic afundou no Atlântico Norte com 2,2 mil passageiros e tripulantes a bordo. O famoso acidente aconteceu após a embarcação partir em dois depois de colidir com um iceberg em seu quarto dia de viagem. Mais de 1,5 mil pessoas morreram quando o luxuoso transatlântico afundou em sua viagem inaugural, de Southampton, na Inglaterra, rumo a Nova York, nos EUA.
Era noite do dia 14 de abril, próximo a meia-noite, quando o naufrágio começou. Num primeiro momento, a tripulação enviou sinais de socorro por código Morse. As mensagens chegaram a outros navios, que foram na direção do transatlântico, e a estações de rádio na Europa. O primeiro resgate, no entanto, apareceu duas horas após o acidente.
A missão para salvar os 705 sobreviventes durou até às 8h30 do dia 15, quando eles foram levados de volta à terra por meio de botes salva-vidas. Já para recuperar os corpos que ficaram no mar, o CS Mackay-Bennett, navio mortuário do Titanic, foi usado. Marinheiros do porto de Halifax, no Canadá, equiparam a construção para cumprir papel de “necrotério”.
Esses marinheiros, no entanto, só chegaram ao local no dia 19 de abril — e foram surpreendidos pelo número de pessoas que estavam flutuavam sem vida na água. Na época, capitão Frederick Harold Larnder disse ao jornal americano The Washington Post que a equipe viu os corpos “espalhados pela superfície, parecendo um bando de gaivotas”. Os equipamentos levados não foram o suficiente para resgatar todos eles.
No primeiro dia, eles juntaram 51 vítimas. Em 22 de abril, foram 119. Mas, mesmo assim, ainda havia muita gente. Embalsamador-chefe da operação, John R. Snow Jr. começou colocando os cadáveres em líquido de embalsamento e caixões. Depois, quando os equipamentos acabaram, ele precisou usar uma lona para embrulhar os corpos, que foram colocados em gelo no porão do navio.
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Quando Snow percebeu que faltaria espaço para carregar todas as vítimas, decidiu que elas deveriam ser enterradas no próprio mar. Barras de ferro foram utilizadas para pesar os corpos e enterrá-los em baixo d’água. Acredita-se que a maioria das pessoas que ficaram no mar eram passageiros de terceira classe, decisão baseada pela análise das roupas que elas vestiam quando foram encontradas.
A primeira varredura tridimensional em tamanho real dos destroços do Titanic foi divulgada em maio de 2023 e pôde ajudar os cientistas a determinar com mais precisão as condições do naufrágio. As imagens de alta resolução, nunca antes vistas, foram criadas usando um sistema de mapeamento de águas profundas. As fotos, que foram divulgadas pela BBC, reconstroem em detalhes o que sobrou do navio.
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