Esportes

Da Copa América à Olimpíada: Estados Unidos inaugura novo período como 'capital' dos eventos esportivos

País também receberá "Super Mundial", Copa do Mundo e Olimpíada nos próximos anos

Agência O Globo - 13/07/2024
Da Copa América à Olimpíada: Estados Unidos inaugura novo período como 'capital' dos eventos esportivos
Foto: Reprodução Site CONMEBOL

Acostumado a receber as partidas dos Miami Dolphins, equipe da cidade da Flórida na NFL, o Hard Rock Stadium será, neste domingo, palco do primeiro momento de ápice dos Estados Unidos em sua estratégia traçada para os próximos anos: a disputa entre Argentina e Colômbia pelo título da Copa América, torneio que inaugurou uma sequência de megaeventos esportivos no país.

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Além do principal torneio de seleções da América do Sul, que este ano abraçou seis países da Concacaf, os americanos também receberão o primeiro Super Mundial de Clubes da Fifa, em 2025; a próxima do Copa do Mundo, no ano seguinte, dividida com México e Canadá; e os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. Há grande expectativa sobre os efeitos de eventos desta magnitude.

— Gera aumento no consumo e prática de esportes. Há muito aprendizado em como organizar grandes eventos, melhorar a experiência do torcedor, investimento em infraestrutura das arenas... Também é uma plataforma excelente para patrocinadores se posicionarem e se conectarem com fãs e consumidores — diz Felipe Gomieiro, diretor-geral da agência 100 Sports. — O uso de novidades com alta tecnologia em transmissão, segurança e informação também é muito aguardado.

Três dos quatro eventos são justamente de futebol, esporte do qual os EUA não conseguem se tornar potência. Entre eles, a primeira Copa com 48 seleções. Os anos que antecedem o pontapé inicial do torneio têm sido marcados por um crescimento da principal liga local, a MLS.

Hoje, ela conta com estrelas como o argentino Lionel Messi, o uruguaio Luis Suárez e os franceses Hugo Lloris e Olivier Giroud. Além de maior atratividade para as marcas, o objetivo é aumentar a competitividade. É inegável que, em comparação com 1994 (ano do primeiro Mundial no país) tanto a seleção quanto os times americanos estão mais fortes. Mas seguem atrás do eixo Europa-América do Sul.

Se ainda não pela competição, os olhares do mundo do futebol se voltam para a capacidade do país de organizar eventos. E a Copa América ligou alertas. A briga entre jogadores do Uruguai e torcedores colombianos, após a semifinal entre as duas seleções, mostrou brechas na segurança. A Conmebol notificou 11 atletas da Celeste e prometeu sancioná-los. Mas, até agora, nada anunciou em relação às falhas nos procedimentos que deveriam evitar este tipo de situação.

—Estamos nos EUA. Um país, entre aspas, de segurança, de prevenção. Se a prevenção falha, o que pode acontecer? Havia um recurso da porta de escape? Passaram (dali)? Não passaram? — questionou o técnico da seleção uruguaia, Marcelo Bielsa, explicando que seus jogadores correram para proteger familiares no momento da confusão. — Estou dizendo que os organizadores nos disseram: “Não podemos defender a sua família”. Essa é a mensagem, não?

Há que se ponderar, neste caso, que a organização da Copa América não é a mesma dos demais eventos. Mas outro problema preocupa para o futuro: as dimensões reduzidas de alguns gramados, originalmente usados pelo futebol americano. Embora dentro do mínimo permitido pela Fifa (100m x 64m), são menores do que o padrão adotado pela entidade (105 x 68m) e incomodaram os atletas. Vini Jr e Messi foram alguns que reclamaram.

Dos 14 estádios usados, 11 também estarão na Copa-2026. Destes, oito com dimensões reduzidas. A promessa é de que, até lá, todos serão adaptados. Em relação ao Mundial de Clubes, a Fifa ainda não anunciou os campos.

O novo torneio é uma grande aposta da Fifa, que reunirá 32 clubes pela primeira vez com a promessa de pagar cerca de 50 milhões de euros (R$ 295 milhões na cotação atual) para cada um apenas pela participação. Ao receber o evento, os EUA buscam força política junto à entidade.

A estratégia de se tornar protagonista no mundo esportivo também foi tomada pelo Brasil ao sediar o Pan-2007, a Copa-2014 e a Rio-2016. Em 2027, o país receberá a Copa Feminina. A ideia é não apenas fincar o Brasil no mapa como incrementar o mercado publicitário e tudo o que envolve a relação entre torcedores e consumo.

— O esporte é tratado como política de estado e demonstração de força. Nos EUA, as ligas profissionais tratam o esporte como produto, zelando pela competição do ponto de vista do entretenimento, sendo a performance consequência, além da infraestrutura de ponta que colabora com a indústria de marketing — diz Gomieiro.