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Espanha pede para que Gaza seja tratada como a Ucrânia, 'sem duplos padrões'

Líder espanhol foi aplaudido em evento paralelo à cúpula da Otan

Agência O Globo - 11/07/2024
Espanha pede para que Gaza seja tratada como a Ucrânia, 'sem duplos padrões'
Pedro Sánchez - Foto: Mariscal/EFE/direitos reservados

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, pediu nesta quarta-feira que se defenda o “direito internacional” em Gaza como na Ucrânia, “sem duplos padrões”, à margem de uma cúpula da Otan, em Washington.

“Se dissermos aos nossos cidadãos que apoiamos a Ucrânia porque defendemos o direito internacional, é a mesma coisa que temos de fazer com Gaza”, disse ele num fórum na capital dos EUA.

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"É importante compreender que o que defendemos em Gaza e na Ucrânia não é apenas o direito internacional, mas que temos uma posição coerente”, disse Sánchez, cujo governo enfureceu Israel em maio, ao reconhecer oficialmente a Palestina como um Estado.

“Não temos padrões duplos”, acrescentou. “Apoiamos o direito internacional, especialmente o direito humanitário internacional”, disse, sob aplausos da plateia.

Na sua opinião, o reconhecimento “do Estado da Palestina” proporciona “um horizonte político para criar as condições para um novo Estado que possa coexistir, em paz e segurança, com os seus vizinhos, especialmente com Israel”.

O chefe do governo socialista apelou a “criar as condições para um cessar-fogo imediato e urgente” porque “há um risco real de escalada em direção ao Líbano” e a “travar esta terrível crise humanitária que os palestinos estão sofrendo, não só em Gaza, mas também na Cisjordânia.

Mais de 38 mil pessoas, a grande maioria civis, foram mortas em Gaza na ofensiva israelense desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo grupo islâmico palestino.

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O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islâmicos mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em seu discurso no fórum, Sánchez estimou que a Otan deve comprometer-se mais com o flanco sul porque a sua instabilidade “é uma ameaça”.

Citou organizações de tráfico de seres humanos, “redes terroristas” e um aumento da presença da Rússia nos países do Sahel, faixa que atravessa o continente africano de leste a oeste e é muito afetada pela pobreza, conflitos e crime organizado.

“Dezenas de mulheres, homens e crianças morrem em ataques de mercenários russos nas aldeias do Sahel e outros milhares são deslocados à força ao tentar escapar”, disse ele.

Por isso aplaudiu o fato de a Aliança do Atlântico Norte ter adotado nesta quarta-feira “um roteiro detalhado e prático para trabalhar” com os parceiros do flanco sul.

Horas antes, Sánchez reuniu-se a portas fechadas com os outros líderes da Otan no Conselho do Atlântico Norte, o principal órgão de decisão política da organização.